segunda-feira, outubro 31, 2005

De Coimbra para o Porto...

O Comboio Alfa é um sítio como outro qualquer para escrever um bom post. Pena que eu não consiga...

Jarboe em Portugal

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Dia 2 de Novembro, às 21h30m, Jarboe ao vivo no local do costume: Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Vou sozinho para apreciar melhor e porque... ninguém gosta dela.

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domingo, outubro 30, 2005

Fases Musicais V (1999-2001)

A estadia nos Estados Unidos foi marcada por uma "nuvem negra" musical. O isolamento forçado pelo trabalho e algumas amizades com pessoas ligadas às artes das "margens" e à música alternativa despertaram um espírito de revolta contra o consumo de massas e o medo da diferença transmitido pelos media americanos. Foram os anos de Columbine e dos ataques às Torres Gémeas do WTC, das Virgens Suicidas de Jeffrey Eugenides e de Sofia Coppola e da Beleza Americana (American Beauty) de Sam Mendes. Um contexto sufocante para viver...

Na tentativa de explorar novas paisagens sonoras ouvia os clássicos negros do rock (Velvet Underground, Bauhaus e Joy Division) e descobri alguns dos seus discípulos - Swans, Legendary Pink Dots, Einstürzende Neubauten, Nick Cave & The Bad Seeds. De todos eles, destacaram-se os Current 93, quer pela extensão e qualidade da sua discografia, quer pela poesia torturada de David Tibet. Depois de descobrir Thunder Perfect Mind(1992), Of Ruine or Some Blazing Starre (1994) ou Sleep Has His House (2000) nunca mais encararia a música da mesma forma.

Current 93
Velvet Underground
Cure
The Sound
Placebo
Einstürzende Neubauten
Death in June
Swans
Dakota Suite
Air
Fiona Apple
Bauhaus
Mercury Rev
Nine Inch Nails
Legendary Pink Dots
Minimal Compact
Joy Division
Nick Cave & The Bad Seeds
Dead Can Dance
Clan of Xymox

terça-feira, outubro 25, 2005

Fases Musicais IV (1995-1998)

Os meus vinte e poucos anos foram marcados pela turbulência emocional. Eu não me limitava a ouvir Tindersticks ou Portishead; eu vivia como as letras dos temas dos Tindersticks ou Portishead. Foi por esta altura que foram lançados discos que me marcariam até hoje, e sobre os quais falarei em detalhe um destes dias: Dummy (1994), Tindersticks II (1995) e Ok Computer (1997).

Ouvia também Morphine... como se não houvesse dia de amanhã. E, nesse fatídico dia 4 de Julho de 1999, houve qualquer coisa em mim que morreu, de facto. Sharks, Head with Wings e Honey White tornaram-se clássicos imediatamente após o seu lançamento. Nunca um baixo de duas cordas, um saxofone barítono e um kit de bateria soaram tão bem! Com os Morphine aconteceu algo de invulgar, que demonstra a sua popularidade em Portugal. Em Maio de 1997 vi os Morphine ao vivo no Coliseu dos Recreios em Lisboa. As cadeiras foram retiradas da plateia para caberem mais de 5000 pessoas, ávidas de escutar a banda de culto de Boston. Quase dois anos mais tarde, em Março de 1999, lembro-me do meu entusiasmo quando comprei bilhete para o concerto na Cow Haus de Tallahasse, Florida. À noite, eu e outras 150 pessoas assistimos a um concerto intimista e memorável da banda, uma antítese do concerto de Lisboa, dois anos antes. Mark Sandman viria a falecer menos de três meses depois, num palco em Roma.

Alguém me deu a conhecer outro músico com um final fatídico: Nick Drake. Já não me lembro quem foi... mas abençoado seja! Pink Moon de Nick Drake é um trabalho fantástico e foi criticado por mim aqui.

Vi Peter Murphy ao vivo no moribundo Teatro Circo de Braga, e percebi que havia muita qualidade musical para além dos tops comerciais. De Bristol vinha uma onda completamente diferente da fase musical anterior. Muito mais negra e depressiva. Depois da Madchester, aparecia agora o trip-hop, com os Portishead, os Massive Attack e o génio diabólico de Tricky, que também cheguei a ver ao vivo no Coliseu do Porto.

Tindersticks
Lambchop
Morphine
Radiohead
Björk
Nick Drake
Townes Van Zandt
Portishead
Massive Attack
Tricky
Peter Murphy
Babybird
Eels
Talk Talk
Depeche Mode
Suede
No Doubt
Nick Cave & The Bad Seeds
The Breeders
Gavin Friday

quinta-feira, outubro 20, 2005

O Meu Candidato Presidencial

O meu candidato tem uma preocupação sadia com o dinheiro dos contribuintes;
O meu candidato é sisudo e arrogante ("Como o Mourinho!" - dizem);
O meu candidato é culto sem ser pedante;
O meu candidato não fará centenas de viagens na presidência com o dinheiro dos meus impostos;
O meu candidato não gosta do sensacionalismo da comunicação social e critica-o sempre que necessário;
O meu candidato não arranja "tachos" para a mulher, para os filhos ou para os amigos;
O meu candidato é austero e não promete "pão e circo";
O meu candidato vale pela sua personalidade e pelo rumo que indica ao país e não apenas "porque sabe de economia";
O meu candidato apresenta-se hoje;
O meu candidato é Aníbal Cavaco Silva.

terça-feira, outubro 18, 2005

Abóboras em Rota de Colisão

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Um disco memorável! Uma obra-prima inigualável! Mellon Collie and the Infinite Sadness é um título perfeito para descrever 28 temas e duas horas de música sempre surpreendente e poesia inspiradíssima. Este duplo álbum encontra-se dividido em duas partes: Dawn to Dusk e Twilight to Starlight. A produção de Flood, Alan Moulder e Billy Corgan é quase perfeita. A arte gráfica é lindíssima e inspira-se em George Meliés. Os animais e seres inanimados representados ganham personalidade e comportamentos humanos e fazem-nos sorrir.

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Os Smashing Pumpkins passam por 30 anos de influências e sonoridades distintas. O grunge de Chicago está aqui mais diluído do que no disco anterior, Siamese Dream, e misturado com canções de amor de influência beatliana e épicos à la Pink Floyd, mas tudo temperado com uma apreciável dose de irreverência e inconformismo.

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O duplo álbum inicia-se com Mellon Collie and the Infinite Sadness um instrumental de piano a solo que bem podia ser a banda sonora deste blog. É Billy Corgan que faz tudo: vocalista, compositor, produtor, multi-instrumentista e génio musical que liderou os Pumpkins durante os seus pouco mais de 10 anos de existência. Os grandes êxitos comerciais deste disco aparecem no primeiro cd: Tonight, Tonight, Zero e Bullet With Buttefly Wings. Dois épicos inesquecíveis (Porcelina of the Vast Oceans e Thru the Eyes of Ruby) rompem com a rigidez da canção pop-rock de 3 ou 4 minutos e apresentam-se como poemas sinfónicos do rock. Duas melodias românticas, Beautiful e By Starlight, povoavam os meus amores dos vinte e poucos anos.

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As letras caracterizam-se por tópicos tão diversificados como a fúria alienada (“Despite all my rage I am still just a rat in a cage”), o nihilismo (“Emptiness is loneliness, loneliness is cleanliness, cleanliness is godliness and god is empty just like me”), o voyeurismo (“I know I’m silly cause I’m hanging in this tree in the hopes that she will catch a glimpse of me”) ou a manipulação emocional (“wrap me up in always, and drag me in with maybes; your innocence is treasure, your innocence is death your innocence is all I have”).

Dez anos passados desde a saída deste trabalho, ainda é um disco que ouço com regularidade e que não perdeu o impacto inicial. A vertente maníaco-depressiva da obra não é, provavelmente, para todos, pois oscila entre temas muito melódicos e belos (Galapogos, Cupid de Locke ou By Starlight) e a violência sonora ao nível do melhor grunge alguma vez feito (Fuck you (an ode to no one), Tales of a scorched earth ou X.Y.Z.)

Depois do auge, a carreira dos Smashing Pumpkins seria sempre a descer...

A carreira dos Smashing Pumpkins avaliada pelo Piano:

Gish (1991) 6/10
Siamese Dream (1993) 8/10
Pisces Iscariot (1994) 6/10
Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995) 10/10
Adore (1998) 7/10
MACHINA/the machines of God (2000) 2/10

Lixo Musical 0
Medíocre 1-2
Suficiente 3-5
Bom 6-7
Muito Bom 8-9
Obra-Prima 10

sábado, outubro 15, 2005

Fases Musicais III (1990-1994)

Até que chegaram os anos da universidade. As boas influências do underground bracarense fizeram-se sentir: comecei a ouvir Pixies, Peter Murphy, Jesus & The Mary Chain e Sisters of Mercy. A onda musical de Manchester dominava as nossas saídas para as loucas noites no famoso, e infâme, Clube 84. Uma verdadeira "Madchester" à portuguesa, com os Smiths, New Order, Stone Roses, Happy Mondays e Inspiral Carpets, que também invadia as nossas festas madrugada dentro no 79,1ºEsq. da Padre Manuel Alaio.

Notam-se também os primeiros sinais de inconformismo nos meus gostos musicais, com as primeiras audições "menos convencionais", como os crípticos e psicadélicos Pink Floyd pré-1973 e o misticismo dos Dead Can Dance. Mais tarde, esta desconstrução seria levada ao extremo, com a audição de música que dificilmente poderá ser qualificada como tal...

U2
Pixies
Smiths
Stone Roses
Happy Mondays
Inspiral Carpets
New Order
Pink Floyd (pré-The Dark Side of the Moon)
Madredeus
Peter Murphy
Jesus & The Mary Chain
Genesis (com Peter Gabriel; pré-1976)
Waterboys
Clash
Pogues
Mission
Sisters of Mercy
Echo & The Bunnymen
Cocteau Twins
Dead Can Dance

terça-feira, outubro 11, 2005

Não se pode dar tréguas ao populismo!

Não se faz teoria política com poucas observações, mas há algo nas eleições de Gondomar, Felgueiras, Oeiras e Amarante que me deixa reconfortado. O único candidato que mudou de concelho... perdeu! Pode daí inferir-se que se Valentim fosse candidato na Maia, Felgueiras em Fafe e Isaltino em Sintra perderiam? Não exactamente, mas a derrota de Avelino em Amarante é um interessante indício.

Temos de ser realistas: Valentim Loureiro tem uma personalidade muito fraca, para não dizer patética. Esconde as suas fraquezas atrás de um discurso populista e sem um pingo de credibilidade. Parece completamente desfasado da realidade. Só isso explica vir dizer mal de Marques Mendes e bem de José Sócrates numa noite em que era evidente que só o contrário faria algum sentido. O Alzheimer aproxima-se a grande velocidade...

domingo, outubro 09, 2005

A Equipa B do Poder Local

As autarquias alinham em 4-2-3-1 com o seguinte esquema táctico:

Guarda-Redes: AVELINO

É uma espécie de Ricardo: tem fama de ser bom na terra dele, mas, fora isso, toda a gente sabe que é um grande frangueiro.

Lateral Esquerdo: DAMASCENO

É como o Nuno Valente: não é a melhor pessoa para o lugar, mas não há outra alternativa.

Central: ISALTINO

Este é o Jorge Costa das autárquicas: não corre muito, mas tem bom posicionamento no terreno, o que lhe vai valendo o lugar de titular.

Central: MOITA

Mais um caso típico de um central lento, mas com muita intuição para o jogo. Não se dá por ele, mas, quando menos se espera, lá está ele a fazer um corte providencial.

Lateral Direito: LOPES (Santana ou Teixeira, vocês escolhem!)

É o Miguel das autarquicas. Gosta muito de subir no terreno, mas essas são missões para as quais não está talhado. Apesar da sua persistência, o público insiste em relegá-lo para a equipa B.

Trinco: VALENTIM

É o trinco por excelência! Não joga nada, mas dá porrada com'ó caraças! Discute com o árbitro mesmo quando todos sabem que não tem razão; quando este não toma as decisões que entende como adequadas... ameaça-o com mais porrada.

Trinco: SEARA

É um trinco ligeiramente mais adiantado do que Valentim. Tem dificuldades na transição defesa-ataque. Defende o seu clube como ninguém e ataca Sintra com toda a vontade, mas, no meio de tanto voluntarismo, é frequentemente apanhado em contra-pé.

Extremo Esquerdo: FELGUEIRAS

Faz o lugar de extremo como ninguém. Corre muito, sempre junto à linha e, quando a bola parece perdida pela linha de fundo, arranja sempre maneira de cruzar.

Distribuidor de jogo: CARRILHO

É o capitão desta selecção. Tem o mediatismo de Deco. Farta-se de aparecer na televisão, mas o mediatismo compromete frequentemente o seu desempenho. Espera-se que prime pela discrição e eficácia, para que toda a equipa produza aquilo que se espera.

Extremo Direito: CAMPELO

É um autêntico Figo das autárquicas: foi sempre titular indiscutível até ao momento em que viu que podia perder o lugar e saiu por sua vontade. Quando viu que podia voltar e ser titular novamente, não hesitou por um momento.

Avançado Centro: SOARES Jr.

É o nosso Pauleta. Aparece muitas vezes isolado, mas farta-se de falhar golos de baliza aberta. Como o "Ciclone dos Açores", abre muito os braços, mas não consegue sair do chão.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Fases Musicais II (1986-1989)

O mau gosto da primeira fase era tanto, que só podia melhorar...

U2
The Doors
Talking Heads
Supertramp
Pink Floyd (pós-The Dark Side of the Moon)
Genesis (pós-Peter Gabriel; Pós-1975)
Pet Shop Boys
Depeche Mode
Fleetwood Mac (pós Peter Green; com Stevie Nicks)
Sting (fase Jazz, com Branford Marsalis, Kenny Kirkland, Darryl Jones e Omar Akim)
Transvision Vamp
Roxy Music
David Bowie
Kate Bush
Marillion
The Police
Tears for Fears
Simon & Garfunkel
Peter Gabriel
Frankie Goes to Hollywood

Entre os 15 e os 18 anos de idade, os meus gostos mudaram por influência dos amigos do secundário. O Rui era consumidor ávido de Pink Floyd e Supertramp e injectou-me o bichinho que me levou a explorar mais bandas do mesmo tipo: Genesis, Marillion e Peter Gabriel a solo. Paulo era fanático pelos U2 de “The Joshua Tree” e “obrigou-me” a ouvir todos os discos anteriores da banda irlandesa, entre os quais aquele que considero um dos melhores: “The Unforgettable Fire”.

Comecei a ouvir o bom rock dos anos 70 representado pelos Talking Heads, David Bowie, e Roxy Music e o pop new wave dos The Police, Fleetwood Mac e Depeche Mode. A voz de Kate Bush deixava-me tonto e o look dela apaixonado…

Ainda hoje ouço todos eles, ainda que não com a mesma regularidade. Só os Pet Shop Boys, um produto menor e demasiado fraco, são totalmente ignorados. Bowie continua a ser obrigatório no leitor de cds, sobretudo com “Low” (1977) e “Heroes” (1979).

Foi também por esta altura que assisti ao meu primeiro concerto de rock ao vivo: os Transvision Vamp. As minhas hormonas saltavam tanto como a Wendy James de mini-saia no palco do Pavilhão Infante Sagres. Casa cheia e desmaios frequentes devido ao excessivo calor e humidade que se faziam sentir.

terça-feira, outubro 04, 2005

Fases Musicais I (1981-1986)

Já que este blog é suposto falar de música... cá vai. Até aos 11 anos, quase só ouvia música clássica. A influência do meu pai, com as duas centenas de discos de vinil de música clássica, foi determinante para este gosto invulgar e algo elitista. Com a entrada nos teenage years, comecei por consumir pop do mais rasca que se pode imaginar. Aqui fica a lista dos 20 mais escutados nessa altura lá em casa:

Wham!
Duran Duran
Modern Talking
Kim Wilde
Fischer Z
Nena
Alphaville
Madonna
Paul Young
The Communards
Elton John
A-ha
Sandra
Abba
Kajagoogoo
Rod Stewart
Cindy Lauper
Dead or Alive
Nik Kershaw
Orchestral Manoeuvers in the Dark

Até aos 15 anos gostava de música que hoje considero muito fraca ou, pelo menos, esquecível. Desta lista, só dois ou três nomes produziram alguma vez música “decente” e que ficará para a história. Muitos são chamados de “one-hit wonder”, como os alemães Fischer Z, Nena, Sandra e Alphaville, outros conseguiram produzir vários mega-sucessos comerciais, como os Wham!, os Modern Talking ou os A-ha. Os OMD ainda escapam, pois a música que faziam não era propriamente pop rasca, ainda que muito agradável ao ouvido.

Elton John e Rod Stewart tiveram alguns momentos de inspiração ao longo dos anos 70. “Your Song”, “Rocket Man”, e “Goodbye Yellow Brick Road” de Elton e “Maggie May”de Rod são temas melodicamente irrepreensíveis e que se destacavam positivamente de toda a horrível onda de rock “progressivo” que grassava na primeira parte da década.

Só há uma banda que ainda ouço com alguma regularidade: os Abba. Lembro-me de constituírem a “banda sonora” das minhas leituras dos livros de aventuras de Enid Blyton, como “Os Cinco”, “Os Sete” e a colecção “Mistério”. Não me perguntem qual a associação… Não consigo encontrar nenhuma razão óbvia. No entanto, para quem, como eu, valorizava a melodia claramente acima do ritmo, da estrutura, ou da composição lírica e musical, os Abba eram imbatíveis. A banda sueca desbaratava melodias nas suas canções como um viciado em jogo estoura dinheiro na mesa de um casino.