terça-feira, janeiro 31, 2006

Música à Terça II


Pink Moon é, a todos os tí­tulos, um disco único. A voz de Nick Drake e a sua guitarra acústica uniram-se para criar uma obra prima com apenas 28 minutos. Solidão, isolamento e alienação social são temas preponderantes em todos os trabalhos de Drake, mas atingem aqui a sua mais profunda e sentida expressão:

Know that I love you
Know I don't care
Know that I see you
Know I'm not there.

Nunca o suicí­dio foi tratado na música de forma tão enigmática como em Pink Moon, o tema de abertura. Drake canta:

I saw it written and I saw it say
Pink moon is on its way
And none of you stand so tall
Pink moon gonna get you all
It's a pink moon
It's a pink, pink, pink, pink, pink moon.

Um dos raros momentos em que a música me fez sentir frágil...

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Ordinarices III

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Para completar a trilogia, fica esta, tirada em Mo-I-Rana, na Noruega, em Agosto de 2005

Ordinarices II

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Há verdadeiras preciosidades ordinárias... Esta foi tirada algures na Suécia, no Verão de 2005

Ordinarices I

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Rua de Québec City, Québec, Canadá; foto tirada em Agosto de 2004

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Um Livro à Quarta I

É quase quinta-feira, mas ainda vou a tempo de sugerir este livro:
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Já escrevi sobre ele, há algum tempo atrás, no meu blog anterior. Aqui fica o pequeno texto de enquadramento da obra...

"A Casa dos Mil Andares de Jan Weiss revelou-se uma agradável surpresa e deitou por terra um equívoco em que laborei durante mais de uma década: 1984 de George Orwell é uma obra-prima, mas não é absolutamente original na concepção de um Big Brother. Ao ler A Casa dos Mil Andares, escrito em 1929, encontrei algumas semelhanças entre os dois romances de ficção distópica, a maior das quais, a existência de um tirano omnisciente que controla a vida de todos os seus concidadãos. Genial, sobretudo tendo em conta o ano em que foi escrito."

Mais valia ficarem calados...

A Quercus desconfia de um estudo realizado pelas Universidades de Yale e Columbia sobre o estado do ambiente em 133 países e que coloca Portugal no décimo primeiro lugar da lista. É caso para pedir à Quercus que mostre a lista dos seus membros que são prémios Nobel...

terça-feira, janeiro 24, 2006

Música à Terça I

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Uma das vantagens de ouvir muita música é ser capaz de separar obras vulgares de raros momentos de beleza poética e sonora. Não há muitos discos que possam ser classificados de eternos, mas Thunder Perfect Mind (1992) dos Current 93 é inegavelmente um deles.

Dito isto, é importante dizer que não é um disco fácil. Se eu quisesse ser popular certamente escolheria fazer a crítica de um disco líder dos tops nacionais. Não me parece que esse seja o objectivo de Música à terça, daí a opção por uma obra dos Current 93. Numa carreira que conta com mais de 40 discos e 22 anos de existência, havia muito por onde escolher, mas as razões que se seguem explicam, em parte, a escolha.

Thunder Perfect Mind é o mais longo disco de originais dos Current 93, com quase 79 minutos de música, e um dos mais consistentes e articulados do início ao fim. É considerada uma obra-prima dentro do pouco divulgado género do folk apocalíptico, termo usado para descrever música à base de guitarra acústica sombria e letras melancólicas e depressivas. Os textos são notoriamente inspirados na poesia de William Blake e a música nos temas folk de Shirley Collins.

Embora a guitarra acústica seja predominante, há aspectos muito pouco convencionais neste disco. Os primeiros 30 minutos (9 faixas) são extremamente melódicos, marcados pela guitarra acústica gentilmente tocada e pela voz do “outro mundo” de David Tibet. Os meus momentos favoritos são In the Heart of the Wood and What I Found There e A Lament For My Suzanne.

Este excelente disco de música folk muda significativamente de sonoridade a partir da faixa número 10, All the Stars are Dead Now. Inesperadamente, é aqui introduzido um sampler de Saint Louis Blues, um original dos anos 20, do swing e das big-bands. Simplesmente desconcertante. Mas nada prepara o ouvinte para o que se segue. Entra um repetitivo riff de guitarra acústica tocado até à náusea e acompanhado por Tibet a recitar um longo poema, de conteúdo largamente obscuro e ininterpretável, mas que, tanto quanto consigo compreender, é uma profecia sobre o apocalipse e a morte. O tom sinistro prossegue com Rosy Stars Tears From Heaven e a voz de Tibet, sinistra na faixa anterior, torna-se aqui simplesmente diabólica, ainda que sussuradamente diabólica.

Como a surpresa é, por vezes, a mãe da genialidade, When the May Rain Comes, uma versão de um original dos Sand, é lindíssima. Os instrumentos usados (baixo, flauta e guitarra) produzem uma sonoridade extremamente melódica e a interpretação pelo dueto David Tibet e Rose McDowall faz estragos na mais empedernida insensibilidade. Segue-se o tema título, Thunder Perfect Mind, um crescendo musical ameaçador acompanhado pela leitura de textos do livro homónimo.

Depois de 55 minutos de música deslumbrante, faltava um tema épico para atirar tudo o que é convencional pela janela. Hitler as Kalki dura 16 minutos e 28 segundos e é dedicado ao pai de David Tibet, já falecido, que combateu na II Guerra Mundial. O início é parece influenciado por música tradicional hindu, mas a peça transfigura-se lentamente numa espiral eléctrica, levemente tocada pelo minimalismo, com David Tibet a dissertar sobre Hitler e o apocalipse. Num texto que acompanha o cd, Tibet explica-nos que algumas pessoas consideram que Hitler foi Kalki, a décima e última incarnação do Deus Hindu Vishnu, que vem num cavalo branco para destruir o cosmos no final de cada ciclo universal. Tibet incita à reflexão e oração para que a destruição termine e um novo paraíso e uma nova Terra possam surgir.

Para além de ser um disco místico e experimental, Thunder Perfect Mind é também uma obra complexa sob o ponto de vista lírico. Já tentei interpretar muita da poesia contida nesta obra, mas as conclusões são pouco satisfatórias. Os conteúdos genéricos são o apocalipse, o arrependimento, a piedade e a salvação, mas qualquer interpretação imediata dos textos aqui contidos será, muito provavelmente, errada.

Este foi o meu primeiro contributo para Música à Terça, uma iniciativa da Mimi à qual espero corresponder com a regularidade exigida. Uma crítica aprofundada da reedição do disco aparece aqui.

domingo, janeiro 22, 2006

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Paisagens Canadianas 1

Farto de tanta Bolonha, preciso de natureza. Para relaxar e esquecer as preocupações, aqui está a primeira de uma série de paisagens canadianas. Esta é o fundo do computador de onde teclo. Podia ser a imagem do ambiente de trabalho de qualquer computador. É provavelmente um dos locais mais belos em que estive até hoje. Chama-se Peyto Lake e situa-se na província de Alberta, nas montanhas rochosas canadianas. A foto foi tirada por mim durante as férias de Verão de 2004.

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domingo, janeiro 15, 2006

Mirbeau: Prazer ou Tortura?

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O Jardim dos Suplícios é um livro maldito. Divide-se em duas partes, com conteúdos substantivos e literários extremamente distintos. Na primeira parte, Octave Mirbeau descreve a política francesa do século XIX, já no tempo da República, abundante em corrupção, favoritismo e incompetência. A segunda parte decorre algures na China, num contexto de selvajaria e barbárie.

O personagem principal, anónimo, relata o lema da educação que lhe deu seu pai: “Tirar qualquer coisa a alguém e guardá-la para si, é roubo… Tirar qualquer coisa a alguém e passá-la a outrem, em troca de tanto dinheiro quanto se puder, é comércio… O roubo é estúpido porque se contenta com um só lucro, muitas vezes perigoso, ao passo que o comércio comporta dois, garantidos…”

O seu protector político, Eugène Mortain, tem uma atitude semelhante no seu ramo de negócio - a política. Um diálogo entre ambos é qualquer coisa de caricato e esclarecedor:
"- Há na circunscrição que te escolhi uma questão que domina todas as outras: a beterraba… O resto não conta e é com o prefeito… Tu és um candidato puramente agrícola… mais ainda, exclusivamente beterrabista… Não o esqueças… Seja o que for que possa acontecer durante a luta, mantém-te inabalável nesta plataforma excelente…Sabes alguma coisa de beterraba?
- Palavra que não – respondi – sei apenas, como toda a gente, que dela se tira açúcar… o álcool.
- Bravo! Isso basta – aplaudiu o ministro com uma tranquilizadora e cordial autoridade… Explora até ao fundo esse conhecimento… Promete rendimentos fabulosos… adubos químicos extraordinários e gratuitos… caminhos-de-ferro, canais, estradas para a circulação desse interessante e patriótico legume… Anuncia desagravamentos de impostos, prémios aos cultivadores, direitos ferozes sobre as matérias concorrentes… tudo o que quiseres!... Nesta ordem de ideias tens carta branca e eu te ajudarei… Mas não te deixes arrastar para polémicas pessoais ou gerais que poderiam tornar-se perigosas para ti e, com a tua eleição, comprometer o prestígio da República… É que, aqui entre nós, meu velho – não te censuro nada, apenas verifico –, tens um passado incómodo."

Depois de perder a eleição, o personagem central é enviado em missão “científica” para o Ceilão, mas apaixona-se durante a viagem por Clara, uma aristocrata inglesa que o convence a ir viver com ela para a China. Daí que a segunda parte do livro decorra num ambiente mais exótico e fascinante. Porém, cedo se percebe que aquilo que inicialmente aparenta ser um paraíso terrestre, é, na verdade, o inferno.

O elemento central desta segunda parte é o Jardim dos Suplícios, parte integrante de uma prisão próxima do local em que ambos vivem. A descrição das torturas, dos instrumentos empregues e das expressões sádicas dos torturadores e carrascos é nauseante e revoltante. Curiosamente, todo este ambiente contrasta com a beleza das flores e árvores que crescem no jardim, e que Mirbeau descreve com uma precisão quase obsessiva. O jardim dos suplícios é um local belo e horrendo, as torturas mais infames são obras de arte, esculpidas com devoção por carcereiros dedicados e dementes. Se a escrita é extremamente cuidada e de fino recorte, o que ela retrata é absurdo, repugnante e abominável.

Por tudo isto, tenho um sentimento de ambivalência relativamente a esta obra. Embora a escrita tenha inegável qualidade, há certos conteúdos que são demasiado chocantes para merecer dispêndio de tempo. Além disso, falta um toque de genialidade à obra (presente, por exemplo, em Os Cantos de Maldoror de Lautreamont), pelo que não compensa enfrentar as dificuldades criadas pelo tema central exposto para obter daí o prazer associado à leitura. No final, o mais certo é um misto de náusea e surpresa. Não compensa o esforço.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Grrr...

Para si, Bolonha é:

a) Uma linda cidade de Itália
b) Uma sanduíche de paio
c) A vizinha boazona do 5º Esqº
d) Uma invenção de um grupo de burocratas de Bruxelas com o intuito de "torrar" a paciência à academia e estandardizar o ensino como quem determina o tamanho das pêras
e) Nenhuma das anteriores

quinta-feira, janeiro 05, 2006

O Princípio de Dominó

Sempre que escrevo sobre música, algumas pessoas (a Marta, por exemplo) manifestam-se surpreendidas com a quantidade de bandas mais ou menos obscuras que ouço e tento dar a conhecer. A verdade é que a minha obsessão pela música tem raízes profundas e familiares. Esta entrada procura dar a conhecer essas raízes. Mais do que isso, demonstra como os meus conhecimentos musicais derivam do conhecido "princípio de dominó".

Cresci ao som dos compositores clássicos do período romântico. Em casa dos meus pais, Mozart, Beethoven, Chopin, Schubert, Tchaikovsky e Wagner eram obrigatórios no prato do velho gira-discos. Aprendi a gostar de música clássica assim. Nunca me considerei um erudito por isso. Alguns temas de Tchaikovsky ou de Mozart são tão comerciais e melódicos como músicas dos Beatles ou dos Rolling Stones.

Durante os anos da licenciatura comecei a adquirir cds de outros compositores que se ouviam menos lá por casa. Rachmaninov, Paganini, Grieg, Sibelius, Boccherini, Rimsky-Korsakov, Mahler e Debussy faziam agora parte da minha colecção de cds, que começava a distanciar-se dos gostos dos meus pais.

A minha paixão pelos Current 93 já é bastante antiga. Quando ouvi pela primeira vez o cd "Soft Black Stars" (1998) achei-o prodigioso e de uma beleza tremenda. A crítica dizia que o disco tinha alguns pontos de contacto com "After Virtue" (1988) de Wim Mewtens. Ambos eram discos de piano a solo e com forte tendência para a melancolia. Foi assim que fui iniciado na música clássica contemporânea. Para além deste episódio, assistir aos filmes de Peter Greenway ("Um Z e Dois Zeros", "Maridos à Água" e "O Cozinheiro, O Ladrão, A Mulher Dele e o Amante Dela") colocou-me em contacto com a música minimal repetitiva de Michael Nyman.

Durante algum tempo, Mertens e Nyman eram os únicos compositores contemporâneos que escutava, mas cedo percebi que havia uma imensidão musical que ignorava por completo. Por empréstimo do Pedro, conheci alguns dos trabalhos dos anos 80 de Philip Glass, incluindo "Solo Piano" e "Glassworks" e fiquei apaixonado pela música do compositor. Comecei pela faceta mais acessível de Glass, nomeadamente "Itaipu/The Canyon", "North Star", as sinfonias "Low" e "Heroes" (escritas em parceria com David Bowie e Brian Eno), para além dos já mencionados "Glassworks" e "Solo Piano". Depois arrisquei os trabalhos mais "difíceis": Concerto para Violino e as Sinfonias nº2 e nº3.

De Philip Glass a John Cage e a Steve Reich o salto era óbvio. Tinha descoberto o minimalismo americano. Comecei a ouvir as obras para "Prepared Piano" e "Litany for the Whale" e de John Cage, bem como "Different Trains", "Music for 18 Musicians" e "Four Organs & Phase Patterns" de Steve Reich. A discografia de Cage é tão vasta e diversificada que só agora estou a iniciar este período de descoberta.

Em Setembro visitei a Polónia. Curioso por natureza e profissão, procurei saber quem eram os compositores polacos mais famosos, para além do óbvio Chopin. A resposta veio rápida: Henryk Gorécki e Krysztof Penderecki. Para conhecê-los, comprei em saldo (5 euro) a Sinfonia nº3 ("Symphony of Sorrowful Songs") de Gorécki e juro que foram os cinco euro mais bem gastos em música dos últimos dois anos. A música é pungente e algo depressiva, até pela inspiração no Holocausto destes dois músicos polacos, mas simultaneamente de uma beleza infinita. Ao ouvir esta sinfonia, não pude deixar de encontrar algumas semelhanças com "Sleep Has Is House" (2000) dos Current 93. Suponho que este trabalho, escrito por David Tibet em homenagem à memória do seu pai, foi inspirado pela Sinfonia nº3 de Gorécki. Depois de tanta música conhecida segundo princípio de dominó, tinha voltado à peça inicial.

Sabendo da minha admiração pelo realizador, os meus pais ofereceram-me no Natal a colecção de filmes de Stanley Kubrik. Um dos DVDs relata a vida e obra do realizador e, em particular, as influências musicais dos filmes de Kubrick. "The Shining" tem, imagine-se, a presença musical de Krysztof Penderecki. No dia de Ano Novo terminei a noite a ver "2001-Odisseia no Espaço". Uma óptima e optimista maneira de começar o ano. Na inesquecível sequência visual final, a música é de György Ligetti e, segundo já li, este é significativamente marcado pela obra de Olivier Messiaen. Ainda não tenho nenhum cd destes dois compositores, mas a curiosidade adensa-se.

Infelizmente, os preços de cds de música clássica contemporânea são proibitivos e os saldos são raros, pois as edições são em pequena quantidade e muitas só podem ser obtidas via importação. Contudo, devido à minha assumida obsessão com música de quase todo o género, é inevitável que a minha próxima visita à Fnac envolva a aquisição de algum cd destes últimos compositores.

E é assim que o meu conhecimento musical se alarga e aumenta. Da mesma forma que as cerejas: puxa-se por uma e logo outras vêm atrás. Lá em casa luta-se com falta de espaço para arrumar tanto cd, mas acreditem que só tratamento médico sério poderá acabar com esta compulsão...

Caros leitores:

O facto da última entrada ter sido feito há mais de 48 horas e não ter ainda qualquer comentário leva-me a pensar que vocês são a melhor audiência que um blogger poderia almejar. O futebol interessa-vos pouco e provavelmente até consideram que eu não tenho talento nenhum para falar do assunto.

Prometo que daqui a pouco voltarei às entradas sobre música. Vou ali inspirar-me numa reunião de Conselho de Departamento e já volto...

terça-feira, janeiro 03, 2006

O Futebol Português está morto - RIP

Raramente escrevo sobre futebol, mas sempre que o faço é para dizer mal. Não peço desculpa. O estado do futebol português é deprimente e julgo que não há NADA que justifique elogios, apesar de algumas conquistas em anos bem recentes só para enganar o povinho.

Construímos estádios para estarem, na sua maioria, vazios. Já viram um jogo do Leiria? O estádio tem 30.000 lugares, mas quando chega aos mil espectadores é um fartote! E o Louletano? Sim, caso não se lembrem, o Farense faliu e acabou com a equipa de futebol, pelo que o Louletano (II Divisão) é o único a utilizar o estádio Faro-Loulé, com uma estonteante média de 500 espectadores por jogo. E já agora, por falar em falências, o Alverca, o Académico de Viseu, o Felgueiras, o Campomaiorense e o Farense já não se encontram entre nós. Fala-se insistentemente de outras crises, sendo a do Vitória de Setúbal apenas a mais visível. Para além do Vitória, há ainda o Estoril, Chaves, Maia, Ovarense, entre muitos outros, sendo neste momento impossível dizer quantos haverá nesta situação. Se o problema fosse apenas financeiro, não estaríamos muito mal. Afinal, algumas indústrias portuguesas como o têxtil ou o calçado também atravessam momentos difíceis, porque razão seria o futebol diferente destas? A razão é simples. O que é verdadeiramente dramático é que o negócio está a ser aniquilado pelos próprios interessados e não pela concorrência externa ou pela globalização. Se há um negócio em Portugal em mau estado que não se pode queixar da globalização é o futebol.

Já todos ouvimos os repetidos boatos e insinuações de corrupção na arbitragem e manipulação de resultados. O "café com leite", a "fruta", os dirigentes proprietários de casas de diversão nocturna envolvendo negócios mais ou menos obscuros, as ligações duvidosas entre os empresários de jogadores e os dirigentes dos clubes, entre muitas outras insinuações. Tudo isto já tinha sido dito a propósito do meu clube do coração, o Futebol Clube do Porto.

Até ao mandato de João Vale e Azevedo, o dito "glorioso" tinha passado mais ou menos incólume a esta onda de críticas e de suspeições. Os dirigentes do Benfica tinham sabido manter a dignidade, até nos momentos mais críticos. Tudo isso foi atirado pela janela fora. Agora sabemos que o Benfica tem uma equipa de seguranças privados que é especialista em esbofetear todos os que se atrevam a dizer que um jogador poderá arrepender-se amargamente se assinar pelo clube. É o Guarda Abel revisitado! Tudo muito feio. Tudo muito sujo.

O Benfica recomeçou a ganhar o ano passado, mas as tácticas utilizadas são em tudo idênticas às que acusava o F.C. Porto de usar durante os anos 90: pressões sobre os árbitros, linguagem carroceira, brutamontes para intimidar. Uma verdadeira panóplia de tácticas terroristas. Familiares sim, mas completamente ultrapassadas. Coisas do século XX. Foi-se a superioridade moral do Sport Lisboa e Benfica. E com ela a última réstia de esperança do futebol português. A indústria do futebol foi atirada às urtigas. O negócio está morto.

RIP

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Parque Natural de Montesinho, Véspera de Ano Novo

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Baixa produtividade...

Poderia haver uma boa razão para a Universidade do Minho estar fechada no dia 2 de Janeiro... Não há. Tive de suplicar ao segurança para me deixar ir trabalhar para o gabinete. Assim não há produtividade que resista...