quarta-feira, novembro 29, 2006

Lisa Germano ao Vivo - Theatro Circo, Braga


Lisa Germano apresenta hoje à noite, pelas 23h59m (!!!), o seu mais recente trabalho - In the Maybe World - no Pequeno Auditório do Theatro Circo em Braga. Um espectáculo de culto a não perder para amantes de sons alternativos.
Capa de In the Maybe World

sexta-feira, novembro 17, 2006

Colorado City: A Poligamia entre os Mórmon

Mais uma crónica da viagem realizada em Agosto... desta vez sobre o suculento tema da Poligamia!

A longa faixa de terreno entre a fronteira do Utah e o Grand Canyon do Arizona é praticamente desprovida de população. Nesse pedaço de território esquecido situa-se a infame localidade de Colorado City, um dos últimos redutos de poligamia entre os Mórmon. Apesar de proibida oficialmente em 1890, a poligamia continua a ser praticada por grupos marginais (alguns diriam fundamentalistas) ligados à religião criada por Joseph Smith.

Colorado City é um lugar estranho, com ruas muito largas, demasiado largas para um localidade com apenas 6000 habitantes, e uma proporção anormal, para o contexto americano, de moradias com dois pisos. Manda a tradição que no rés-do-chão morem as mulheres com filhos e no piso superior, aquelas que ainda não os têm.

A localização estratégica de Colorado City, na fronteira entre o Utah e o Arizona, permitia que, sempre que as autoridades do Utah perseguiam os polígamos de forma mais acérrima, estes atravessassem a fronteira à procura de refúgio no estado vizinho, aproveitando o relativo mau relacionamento entre as autoridades respectivas. Quando estas começaram a colaborar, os homens de Colorado City foram obrigados a “dar corda aos sapatos” e abandonar os seus lares. Por essa razão, a proporção de mulheres e crianças é significativamente maior do que seria de esperar.

Contudo, o assunto da poligamia está longe de ser pacífico, já que as famílias argumentam que as práticas poligâmicas são voluntárias e que ninguém é obrigado a ser polígamo. Além disso, a prisão dos homens polígamos resulta no abandono de mulheres e filhos, o que é mais prejudicial para estes últimos do que seria a vivência numa sociedade poligâmica. Todavia, os actos dos próprios chefes de família acabam por dar razão aos que se opõem à poligamia. Num caso relatado num canal de televisão americano, um homem tomou para sua quarta esposa uma rapariga de apenas 13 anos, o que levanta de imediato preocupações com práticas de pedofilia. Como as comunidades poligâmicas tendem a ser extremamente fechadas, os pedidos de maior empenho nas investigações do Ministério Público no sentido de perseguir os polígamos não param. A polémica segue dentro de momentos…

A Slight Case of Paranoia

A entrevista de Santana Lopes com Judite de Sousa dava um excelente estudo de caso para a especialidade de Psiquiatria...

quarta-feira, novembro 08, 2006

O Diabo Veste Prada


O Diabo Veste Prada é um filmezinho interessante. Mereceria umas três estrelas em cinco possíveis pela brilhante Meryl Streep, pelo guarda-roupa, pelos Manolo Blanick e pelos Jimmy Choo e, claro, por New York. Como todos sabem, Meryl Streep é uma actriz do outro mundo e neste filme tem um par de momentos inesquecíveis em que me fez lembrar outro "monstro" do cinema: Bette Davies em All About Eve.

Mas Streep não tem culpa do argumento impregnado de um moralismo bacôco de O Diabo Veste Prada. Alguém no seu devido juízo recusaria uma ascensão meteórica no mundo da moda por uma questão de princípios, ainda por cima duvidosos? A personagem de Andrea (Andy) está cheia de equívocos. Durante 90% do filme está longe de demonstrar conflitos interiores profundos sobre a sua ascensão profissional. Mais do que isso, parece deliciar-se com os pequenos sucessos que vai obtendo no dia-a-dia. Por essa razão, o final parece-me completamente inconsistente com o retrato da personagem que é construído ao longo da película.

A mensagem final - uma certa superioridade moral de Andy - é absolutamente execrável. Alguém que tenha uma profissão minimamente competitiva sabe que muito frequentemente é inevitável concorrermos contra pessoas de quem gostamos. A minha própria carreira é disso exemplo. Neste momento, os quadros de vagas do meu departamento estão preenchidos, pelo que a única forma de uma vaga ser libertada é alguém reformar-se, despedir-se ou morrer. Qualquer uma destas situações é bastante improvável. Dado este número limitado de vagas, o mais provável é que eu próprio tenha de concorrer, imagine-se, com o meu padrinho de casamento por uma delas. Muito possivelmente, o Luís e a Rosa também competirão entre si, mas não estou a ver nenhum de nós assoberbado por dramas existenciais ou pseudo-complexos de culpa.