Louis Armstrong é provavelmente o mais famoso músico de jazz de todos os tempos. Na interpretação dos temas mais famosos de W.C.Handy, considerado o pai dos blues, o vocalista e trompetista atinge níveis de intensidade, perfeição e exigência só acessíveis a um predestinado. A orquestração é excelente e a produção límpida ao ponto de permitir aos restantes músicos um lugar de destaque para além do próprio Louis, com particular destaque para Barney Bigard no clarinete e Billy Kyle no piano. Os duetos de Louis com a voz encantadora de Velma Middleton transmitem a química das grandes parcerias, sobretudo em Lovess Love, Long Gone (from the Bowlin' Green) e na épica versão de St. Louis Blues.Ouvir os blues de W.C.Handy interpretados por Louis Armstrong and His All-Stars é quase uma experiência religiosa, porque deve ser saboreada em condições apropriadas. Um sofá confortável, um Jack Daniels na mão e a ausência de companhia, são indispensáveis para poder disfrutar dos blues na sua plenitude. A tristeza toma outra dimensão quando é partilhada, ainda que seja discutível se ela aumenta ou diminui em função dessa partilha. Tal como a partilha da tristeza não nos deixa indiferentes, o mesmo se pode dizer deste disco memorável, uma das últimas grandes interpretações de Louis Armstrong.
A gigantesca versão de Saint Louis Blues, uma das melhores de todos os tempos, pode ser escutada integralmente no You Tube:
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
Grande disco, sim senhor.
ResponderEliminarÉ sempre revigorante visitar este blogue que nós faz viajar por mundos e culturas de muita qualidade. Este WC Handy é mesmo coisa rara. Octávio Lima (ondas3.blogs.sapo.pt)
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