As emoções escravizam a razão e retiram discernimento ao mais esclarecido dos intelectuais. Muitos génios musicais foram submetidos à ditadura das paixões, que os impulsionaram a compor obras para a eternidade. Outros, acometidos por depressões severas, caíram na obscuridade após a sua morte, para serem reconhecidos apenas por uma mão-cheia de almas gémeas.
Nick Drake morreu em 1974, aos 26 anos, de uma overdose (acidental?) de anti-depressivos, e quis o destino que este fosse o seu último álbum de originais. O disco exala uma tristeza e uma melancolia que resultam da utilização exclusiva de guitarra acústica e voz na maioria dos temas, acompanhadas ocasionalmente pelo piano. As melodias são simples, belas e plenas de sentimento. Reza a lenda que Drake gravou Pink Moon em duas sessões de 2 horas, iniciadas há meia-noite, sem recurso a takes alternativos. Neste particular, Pink Moon representa um contraste significativo com o disco anterior, Bryter Layter (1970), no qual Drake emprega orquestrações mais elaboradas, em particular uma luxuosa secção de cordas em Hazey Jane II, que os Belle and Sebastian certamente não desdenhariam.
Em Pink Moon, a duração é inversamente proporcional à intensidade da música. A voz de Nick Drake e a sua guitarra acústica uniram-se para criar uma obra-prima com apenas 28 minutos. Solidão, isolamento e alienação social são temas preponderantes em todos os trabalhos de Drake, mas atingem aqui a sua mais profunda e sentida expressão. Até o surrealismo da capa, fortemente influenciada por Salvador Dali, contribui para o ambiente de alienação, depressão e abandono presente no disco.
As múltiplas referências ao suicídio ao longo do álbum levam-nos a pensar que Drake desistia. Há momentos em que não vale a pena lutar; o vazio progride para nos engolir. Em Pink Moon:
"I saw it written and I saw it say
Pink moon is on its way
And none of you stand so tall
Pink moon gonna get you all
It's a pink moon it's a pink, pink, pink, pink, pink moon."
Em Harvest Breed:
"Falling fast and falling free you look to find a friend
Falling fast and falling free this could just be the end
Falling fast you stop to touch and kiss the flowers that bend
And you're ready now for the harvest breed."
Nick Drake morreu em 1974, aos 26 anos, de uma overdose (acidental?) de anti-depressivos, e quis o destino que este fosse o seu último álbum de originais. O disco exala uma tristeza e uma melancolia que resultam da utilização exclusiva de guitarra acústica e voz na maioria dos temas, acompanhadas ocasionalmente pelo piano. As melodias são simples, belas e plenas de sentimento. Reza a lenda que Drake gravou Pink Moon em duas sessões de 2 horas, iniciadas há meia-noite, sem recurso a takes alternativos. Neste particular, Pink Moon representa um contraste significativo com o disco anterior, Bryter Layter (1970), no qual Drake emprega orquestrações mais elaboradas, em particular uma luxuosa secção de cordas em Hazey Jane II, que os Belle and Sebastian certamente não desdenhariam.
Em Pink Moon, a duração é inversamente proporcional à intensidade da música. A voz de Nick Drake e a sua guitarra acústica uniram-se para criar uma obra-prima com apenas 28 minutos. Solidão, isolamento e alienação social são temas preponderantes em todos os trabalhos de Drake, mas atingem aqui a sua mais profunda e sentida expressão. Até o surrealismo da capa, fortemente influenciada por Salvador Dali, contribui para o ambiente de alienação, depressão e abandono presente no disco.
As múltiplas referências ao suicídio ao longo do álbum levam-nos a pensar que Drake desistia. Há momentos em que não vale a pena lutar; o vazio progride para nos engolir. Em Pink Moon:
"I saw it written and I saw it say
Pink moon is on its way
And none of you stand so tall
Pink moon gonna get you all
It's a pink moon it's a pink, pink, pink, pink, pink moon."
Em Harvest Breed:
"Falling fast and falling free you look to find a friend
Falling fast and falling free this could just be the end
Falling fast you stop to touch and kiss the flowers that bend
And you're ready now for the harvest breed."
A suavidade da voz de Drake e a instrumentação esparsa contribuem para esse vazio, e nem o final luminoso com From the Morning ajuda a retirar a Pink Moon o epíteto de “um dos álbuns mais melancólicos de sempre”.
Cada nota, cada palavra, cada silêncio. Um dos raros momentos em que a música me fez sentir frágil...Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
2 comentários:
Fernando, muito obrigada pela simpatia. Apesar (ou não) de melancólico, gostei bastante. As tuas palavras, como sempre, acompanham na perfeição a música. Beijo, Laura.
Pink Moon é um grande, grande disco.
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