quinta-feira, abril 13, 2006

quinta-feira, abril 06, 2006

Cronenberg goes Tarantino


Paradoxo: Como é que um filme tão bom pode ser tão difícil de visionar?
Para além da violência física que trespassa o filme, é a violência psicológica que mais impressiona. No filme de Cronenberg, a segunda é uma consequência inevitável da primeira e é provavelmente isso que nos deixa impotentes. Ver aquela família a desmoronar e saber que a situação é incontornável revela requintes de sadismo por parte do autor, mas transforma um filme violento num tratado de racionalidade.

Anda por aí muito crítico a afirmar que este é um Cronenberg inconfundível. Conhecendo alguma coisa do realizador canadiano, posso dizer que este NÃO é um Cronenberg típico. Desde os tempos de Coma e Videodrome, até aos geniais A Mosca e Irmãos Inseparáveis, a obra de Cronenberg sempre lidou com a relação entre a tecnologia e os seres humanos, ou melhor, com a forma como estes se fundem, por vezes literalmente(!), com aquela. Ora esta ideia estrutural presente naquelas quatro obras, está ausente de Uma História de Violência. O que subsiste é o drama humano com diferentes contornos, mas que culmina na sua forma mais pura e primordial: o fraticídio.