quarta-feira, dezembro 30, 2009
1941. Quarteto para o Fim do Tempo - Olivier Messiaen
Rebecca Rischin (2003) relata na sua obra For the End of Time: The Story of the Messiaen Quartet que um dos guardas alemães do campo, Karl-Albert Brüll, apreciador da música do compositor, proporcionou-lhe condições 'excepcionais' para que pudesse trabalhar. Para além de lápis, borrachas e papel de música, foi permitido a Messiaen isolar-se num quarto vazio com um guarda de plantão à porta para evitar que fosse incomodado (Rischin, 2003; Ross, 2007).
O Quarteto para o Fim do Tempo é uma obra dividida em 8 andamentos, totalizando aproximadamente 50 minutos. Embora o contexto em que foi composta possa sugerir a associação entre o regime Nazi e o apocalipse, a intenção do compositor reporta-se, em abstracto, ao fim do tempo, passado e futuro, e ao início da eternidade. Segundo o próprio Messiaen, o Quarteto é uma espécie de extensão musical da passagem do Livro do Apocalipse (capítulo 10) sobre a descida do sétimo anjo ao som de trombetas consumando o mistério de Deus e anunciando o fim do tempo.
Para ilustrar a obra escolhi o primeiro andamento, intitulado Liturgia de Cristal e descrito pelo próprio Messiaen como representando o canto solitário de despertar às 3 ou 4 da manhã de um melro (o clarinete) e de um rouxinol (o violino) rodeados por um som difuso, por um halo de trinados que se perde pela copa das árvores. Transposto para o plano religioso tal equivale ao silêncio harmonioso do Céu.
Referências:
Rischin, Rebecca (2003) For the End of Time: The Story of the Messiaen Quartet. Ithaca, NY: Cornell University Press.
Ross, Alex (2007) O Resto é Ruído: À Escuta do Século XX. Alfragide: Casa das Letras.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sexta-feira, dezembro 18, 2009
Música de 2009
Solo II - António Pinho Vargas
Andrew Bird - Noble Beast
James Blackshaw - The Glass Bead Game
Elfin Saddle - Ringing for the Begin Again
Fire on Fire - The Orchard
Clan of Xymox - In Love We Trust
quinta-feira, novembro 12, 2009
1942. Sinfonia Nº 7 "Leninegrado" - Dmitry Shostakovich
A obra foi estreada em 1942 durante o longo cerco (870 dias) da cidade de Leninegrado e recorreu a todo e qualquer músico que pudesse ser libertado do esforço de guerra, de modo a completar a delapidada Orquestra da Rádio de Leninegrado.
Esta é uma sinfonia de excessos. Musicalmente, oscila entre melodiosos temas pastorais, construídos em torno flautas celestiais, harpa e violino e a violência sonora e marcial, de que é exemplo toda a secção central do primeiro andamento. Os excessos da 'Leninegrado' revelam-se ainda pela sua duração. O primeiro andamento marca uns obscenos 26 minutos e a sinfonia no seu todo regista mais de 75!
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sábado, agosto 22, 2009
1943. La Mer - Charles Trénet
As utilizações mais famosas do tema incluem filmes como Lua de Mel, Lua de Fel (de Roman Polanski, 1992), Apollo 13 (de Ron Howard, 1995), O Resgate do Soldado Ryan (de Steven Spielberg, 1998) e Os Sonhadores (de Bernardo Bertolucci, 2003). A canção aparece igualmente em grandes êxitos de televisão como Ficheiros Secretos (1994), Perdidos (2005) e Saturday Night Live (2007). A versão inglesa é cantada por Robbie Williams em À Procura do Nemo (2003), um dos maiores êxitos do cinema de animação. A mais recente aparição do tema ocorre em O Escafandro e a Borboleta (2007), um filme de Julian Schnabel, muito do agrado do meu amigo Pedro e que ainda não tive oportunidade de ver.
domingo, agosto 16, 2009
1944. Appalachian Spring - Aaron Copland
O início de Appalachian Spring é inevitavelmente associado ao amanhecer de um novo dia, com um tema pastoral marcado pelos violinos, flauta e harpa. A partir dos 2'15'', a obra torna-se "expressiva", denotando os referidos sentimentos antagónicos de felicidade e inquietação face ao futuro, sendo que o tema inicial regressa pouco depois.
A secção mais famosa da obra, porém, é a sétima, um conjunto de variações sobre 'Tis the Gift to Be Simple', um hino religioso composto originalmente pelo Elder Joseph Brackett em 1848. Um excerto de Appalachian Spring com este tema pode ser escutado aqui:
segunda-feira, agosto 10, 2009
1945. Concerto para Piano Nº 3 - Béla Bartók
Este cariz mais ligeiro da obra parece ter-se ficado a dever a uma combinação de eventos que animaram Bartók após os primeiros anos de exílio nos Estados Unidos na sequência do eclodir da 2ª Guerra Mundial. A sua situação financeira recuperou com o sucesso do Concerto para Orquestra e a sua saúde melhorou temporariamente. O facto do Concerto para Piano nº3 ser dedicado à sua segunda mulher, a pianista Ditta Pásztory pode ajudar igualmente a explicar o carácter de menor complexidade da obra, especulando-se que Bartók desejava que Ditta fosse capaz de interpretar a peça após a morte do compositor.
Um certo optimismo transparece por toda a obra, talvez também como resultado da expectativa de Bartók em regressar à pátria da qual tinha sido afastado em consequência da 2ª Guerra Mundial. Infelizmente, Bartók viria a falecer em Nova Iorque, em Setembro de 1945, vítima de leucemia, sem ter tido a oportunidade de concretizar esse desejo. O Concerto para Piano Nº3 viria a ser concluído pelo seu discípulo Tibor Serly.
(1) Posslac, Cris. 1994. Bartók Piano Concertos Nºs 1-3, Jeno Jandó, Piano, Budapest Symphony Orchestra, András Ligeti, Conductor. Naxos Edition 8.550771.
(2) Morgan, Robert P. 1991. Twentieth-Century Music. New York, NY: W. W. Norton & Company, pp. 179-186.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sábado, julho 11, 2009
Depeche Mode: Previsão do Alinhamento
2.Wrong
3.Hole To Feed
4.Walking In My Shoes
5.It's No Good
6.A Question Of Time
7.Precious
8.Fly On The Windscreen
9.Little Soul
10.Home
11.Come Back
12.Peace
13.In Your Room
14.I Feel You
15.Policy Of Truth
16.Enjoy The Silence
17.Never Let Me Down Again
Encore:
18.Stripped
19.Master And Servant
20.Strangelove
Encore 2:
21.Personal Jesus
22.Waiting For The Night
PS: Como previsão do alinhamento até nem estaria má, mas um pé partido em Bilbao e tudo fica "em águas de bacalhau". Ainda não é desta que os Depeche Mode tocam no Porto. Segunda tentativa, segundo concerto cancelado. Não creio em bruxas, mas...
domingo, julho 05, 2009
sábado, junho 13, 2009
1946. La Vie En Rose - Edith Piaf
Des yeux qui font baisser les miens
Un rire qui se perd sur sa bouche
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours
Et ça me fait quelque chose
Il est entré dans mon cœur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause
C'est lui pour moi, moi pour lui
Dans la vie
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon cœur qui bat
Des nuits d'amour à ne plus en finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Les ennuis, les chagrins s'effacent
Heureux, heureux à en mourir
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas
Je vois la vie en rose
Il me dit des mots d'amour
Des mots de tous les jours
Et ça me fait quelque chose
Il est entré dans mon cœur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause
C'est toi pour moi, moi pour toi
Dans la vie
Il me l'a dit, l'a juré pour la vie
Et dès que je l'aperçois
Alors je sens en moi
Mon cœur qui bat
A lista de nomes que recriaram a canção inclui Cyndy Lauper, Ella Fitzgerald, Louis Armstrong, Amália Rodrigues (!), Luciano Pavarotti, entre muitos outros.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sexta-feira, maio 29, 2009
Lets Grow Old Together...
domingo, maio 17, 2009
Música Suave e Idealismo
terça-feira, maio 12, 2009
Antony and the Johnsons
sábado, maio 09, 2009
1947. Abril em Portugal (Coimbra) - José Galhardo/ Raul Ferrão
A versão escolhida para integrar este post é, e não poderia deixar de o ser, a de Amália Rodrigues:
segunda-feira, maio 04, 2009
1948. Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado - John Cage
Em 1940, quando instado a compor uma peça de dança para um teatro com espaço insuficiente para um ensemble de percussão, Cage conclui que o problema era do piano e não da sala. Assim, decide introduzir vários objectos entre as cordas do piano - elásticos, porcas, parafusos, borrachas, entre outros - que permitem ao pianista produzir um conjunto de sons semelhantes a um ensemble de percussão.
Lutando contra os preconceitos associados à composição, Cage procurou que esta dependesse mais das escolhas do executante e do contexto da interpretação do que das escolhas prévias do compositor. Em 4'33'' (1952) o silêncio impera durante os 4 minutos e 33 segundos de duração da peça, em que o pianista permanece sentado, imóvel, em frente ao piano. Tal facto torna a peça integralmente dependente dos ruídos aleatórios produzidos na sala (tosse, espirros, ranger de cadeiras, bater de portas, entre outros ruídos da audiência), o que conduz a que cada interpretação seja única e irrepetível.
As Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado foram compostas durante 2 anos e terminadas em 1948. A sonoridade oscila, segundo o próprio Cage, entre as influências da música ocidental nos sons semelhantes a sinos e as da música oriental, sugerida pelos sons de tambores. De um modo geral, a harmonia musical encontra-se ausente, sendo a estrutura rítmica a preocupação central. Cage comparou a composição desta peça ao caminhar pela praia à descoberta de conchas e búzios que nos agradam. À medida que explorava o piano preparado, retinha as sonoridades que combinavam com a estrutura rítmica, abandonando as restantes. No limite deste método, Cage acaba por deixar cair toda a intencionalidade da composição para privilegiar a aleatoriedade.
A melhor performance disponível no You Tube das "Sonatas e Interlúdios" é de Tim Ovens a interpretar a Sonata IV. O vídeo demora um pouco a carregar, mas vale a pena apreciar a preparação técnica do piano.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
segunda-feira, abril 06, 2009
1949. Birth of Cool - Miles Davis
Gravado maioritariamente em 1949, Birth of Cool é um álbum luxuoso sob o ponto de vista orquestral, marcado pela colaboração de Gil Evans com o grupo de 8 músicos que acompanha Miles Davis (trompete): Mike Zwerin (trombone), Bill Barber (tuba), Junior Collins (trompa), Gerry Mulligan (saxofone barítono), Lee Konitz (saxofone alto), John Lewis (piano), Al McKibbon (baixo) e Max Roach (bateria).
Para os leitores e ouvintes que têm maior dificuldade com o jazz, esta será uma óptima forma de começar neste género, dado que Birth of Cool possui ritmos de swing, toques clássicos e sonoridades easy listening. No disco destacam-se os tema Jeru, Move e Boplicity, com este último a aparecer em destaque nesta selecção retirada do You Tube:
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
terça-feira, março 31, 2009
1950. Pure Ella - Ella Fitzgerald
Em Pure Ella, a voz de Ella Fitzgerald e o piano tocado por Ellis Larkins reunem-se de forma mágica para interpretar temas compostos por George Gershwin e letras de Ira Gershwin. Destaca-se a memorável interpretação de Someone To Watch Over Me, assim como a suavidade de But Not For Me.
Ella Fitzgerald - But Not For Me
terça-feira, março 24, 2009
1951.Concerto para Piano e Orquestra Nº 2 - Lukas Foss
Após uma longa introdução da orquestra, o piano entra, solitário, aos 3 minutos e 20 segundos do primeiro andamento, fortemente marcado pelas tonalidades da América dos espaços abertos, das grandes distâncias e da natureza em bruto. Em contraste, o segundo andamento segue um registo adagietto, de uma musicalidade esparsa e mais próxima da sonoridade cinematográfica. Mas é o terceiro andamento que representa o ponto alto desta obra, sobretudo a cadenza, que o próprio Lukas Foss definiu como "louca e obsessiva"(1), realçando o virtuosismo necessário à sua execução.
Entre as influências do compositor americano contam-se Paul Hindemith e, numa fase mais adiantada da sua obra, Igor Stravinsky. Este Concerto para Piano e Orquestra segue a forma do Concerto para Piano e Orquestra Nº5 (Imperador) de Ludwing Van Beethoven, mas as influências sonoras são claramente de Stravinsky, que Lukas Foss conheceu pessoalmente pela altura da première desta obra e de quem mais tarde se tornaria amigo.
(1) Lukas Foss, notas da edição Piano Concertos / Elegy for Anne Frank. Jon Nakamatsu (piano), Yakov Kasman (piano), Lukas Foss (piano), Eliza Foss (narrador), Pacific Symphony Orchestra /Carl St. Clair (maestro). Harmonia Mundi, 2001.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sábado, março 07, 2009
1952. In Hi-Fi - Sarah Vaughan
O álbum é uma magnífica selecção de clássicos do jazz, incluindo Nice Work If you Can Get It, Can't Get Out of this Mood e Ain't Misbehavin', e conta com a participação de Miles Davis no trompete. As composições alternam o small ensemble com a orquestra alargada em estúdio, mas em todas elas sobressai a voz emotiva, sofisticada e segura de Vaughan.
Come Rain or Come Shine - Sarah Vaughan & Miles Davis:
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sábado, fevereiro 28, 2009
1953. Sinfonia Nº 10 - Dmitri Shostakovich
O Allegro do 2º andamento desperta em mim sentimentos intensos, furiosos, quase violentos. Tal não surpreende. Nesse sentido, o contraste entre andamentos dificilmente poderia ser mais pronunciado. Por contraposição, o primeiro andamento é de uma beleza melódica trágica, marcado por oscilações entre a contenção sinistra e as explosões sonoras de contornos épicos. Há qualquer coisa de verdadeiramente inquietante neste primeiro andamento, em que o cronómetro ultrapassa os 22 minutos. Não sei se é a ausência de uma estrutura facilmente apreensível nas primeiras audições, ou o "sentimento avassalador de uma angústia sublimada" (2) de que falam as críticas à obra. Mas é impossível não sentir essa inquietude perante música tão densa e crispada.
(1) Solomon Volkov, Testimony: The Memoirs of Dmitri Shostakovich, Limelight Editions, 2004.
(2) Richard Osborne, notas da edição Shostakovich, Symphony nº10 in E Minor, Op.93, Berliner Philarmoniker conducted by Herbert Von Karajan, Deutsche Grammophon, 1981
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
sábado, fevereiro 07, 2009
1954. Louis Armstrong Plays W.C. Handy
Ouvir os blues de W.C.Handy interpretados por Louis Armstrong and His All-Stars é quase uma experiência religiosa, porque deve ser saboreada em condições apropriadas. Um sofá confortável, um Jack Daniels na mão e a ausência de companhia, são indispensáveis para poder disfrutar dos blues na sua plenitude. A tristeza toma outra dimensão quando é partilhada, ainda que seja discutível se ela aumenta ou diminui em função dessa partilha. Tal como a partilha da tristeza não nos deixa indiferentes, o mesmo se pode dizer deste disco memorável, uma das últimas grandes interpretações de Louis Armstrong.
A gigantesca versão de Saint Louis Blues, uma das melhores de todos os tempos, pode ser escutada integralmente no You Tube:
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Euforia
Changing Your Ways Cause You Don't Know What To Do
I Only Wanna Tell You
How I Feel Inside
If Only You Could Listen
Try To Change Your Mind
So I Walk Right Up To You
And You Walk All Over Me
And I Ask You What You Want
And You Tell Me What You Need
Can't You Feel It All Come Down
Can't You Hear It All Around
At The Place Where Lost Is Found
That Great Love Sound
Talking To You Makes Me Wanna Shake And Shout
Touching You Makes Me Wanna Come Right Out
You Could Never Want Me
The Same Way I Want You
I'm Love Tornado Struck
I Don't Know What To Do
sábado, janeiro 10, 2009
1955. Maybellene - Chuck Berry
Maybellene (mp3) - Chuck Berry
domingo, janeiro 04, 2009
sábado, janeiro 03, 2009
1956. Elvis Presley - Elvis Presley
A atitude rebelde, anti-sistema, seria retomada nos primórdios do punk-rock, em particular na versão que casou com sucesso a música e a atitude, como foi o caso dos The Clash. A admiração da banda de Joe Strummer por Elvis era tão grande, que até a capa de London Calling é um tributo.
O primeiro disco de Elvis Presley foi editado em 1956 e tem título homónimo. São apenas 28 minutos, mas o poder avassalador desta música para partir corações e provocar revoluções é evidente desde a abertura com Blue Suede Shoes (mp3). Nenhum dos temas foi escrito por Elvis, mas as suas interpretações tornaram-se hinos para uma geração de teenagers brancos da América que nunca tinham ouvido coisa semelhante.
Blue Suede Shoes (mp3); Trying to Get to You (mp3); Blue Moon (mp3).
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.