sexta-feira, maio 29, 2009

Lets Grow Old Together...


A comparação com os Joy Division é demasiado óbvia. Mais interessante é ouvir Duran Duran no refrão de To Lose My Life, Adrian Borland (The Sound) na voz e anos 80 espalhados por todo o álbum.

domingo, maio 17, 2009

Música Suave e Idealismo

Antony Hagerty deslumbrou todos os que ontem à noite se deslocaram ao Theatro Circo em Braga. A sua música centrada no piano e acompanhada por dois violinos, violoncelo, baixo e guitarra eléctrica ou clarinete (alternadamente) seduz todos os ouvidos por onde passa e a sua suavidade contrasta, por vezes de forma chocante, com as letras controversas dos temas interpretados. A inquietude em Another World, o masoquismo e a violência doméstica em Cripple and the Starfish, ou a ambiguidade de género em For Today I Am a Boy e I Fell in Love with a Dead Boy demonstram que Antony não hesita nas palavras necessárias para veicular uma mensagem, mas o concerto torna também evidente que a música não tem que ser transtornada ou violenta para transmitir a essa mesma mensagem.

Os pontos altos do concerto foram, a meu ver, Kiss My Name, pela execução luxuosa das cordas, The Crying Light, pela simplicidade da voz e piano e Shake That Devil pela improvisão que se lhe seguiu. A minha maior surpresa foi a excelente interpretação de Hope Mountain, acompanhada pela explicação impressionista do próprio Antony sobre como o suave teclar do piano significaria a segunda vinda de Cristo, reincarnado como mulher, caminhando sobre as águas num rio do Afeganistão.

Alinhamento:

1. Where Is My Power?
2. Her Eyes Are Underneath the Ground
3. Epilepsy Is Dancing
4. One Dove
5. For Today I Am a Boy
6. Kiss My Name
7. Everglade
8. Another World
9. Shake That Devil
10. The Crying Light
11. I Fell in Love With a Dead Boy
12. Fistful of Love
13. You Are My Sister
14. Hope Mountain
15. Twilight
16. Aeon
----
17. Cripple and the Starfish
18. Hope There's Someone

terça-feira, maio 12, 2009

Antony and the Johnsons

Os bilhetes estão comprados há três meses. Sábado é a grande noite. Antony and the Johnsons ao vivo no Theatro Circo.
A fotografia apresenta uma previsão do alinhamento. O conjunto de temas anuncia-se fenomenal, sendo este Shake That Devil um dos pontos altos.


sábado, maio 09, 2009

1947. Abril em Portugal (Coimbra) - José Galhardo/ Raul Ferrão

Antes de ser acusado de ignorar integralmente a música portuguesa, resolvi prestar homenagem a um dos temas mais universalmente consagrados: Abril em Portugal (Coimbra). Com letra de José Galhardo e música de Raul Ferrão, este tema já foi interpretado por Jane Morgan, Eartha Kitt, Perez Prado & His Orchestra, Les Baxter & Orchestra, entre muitos outros. Mais de 60 anos após a sua composição, Abril em Portugal é, quase de certeza, o tema composto por portugueses com maior número de versões, o que o transporta para um patamar de relevo único.
A versão escolhida para integrar este post é, e não poderia deixar de o ser, a de Amália Rodrigues:

Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.

segunda-feira, maio 04, 2009

1948. Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado - John Cage

Os puristas acusaram-no de ser um "destruidor de pianos", mas a palavra "génio" é manifestamente insuficiente para descrever o americano John Cage (1912-1992). Admirador de Arnold Schoenberg e influenciado pelo Budismo Zen, John Cage teve como objectivo de vida explorar a utilização musical do ruído, numa tentativa de se distanciar da composição musical enquanto forma de comunicação.

Em 1940, quando instado a compor uma peça de dança para um teatro com espaço insuficiente para um ensemble de percussão, Cage conclui que o problema era do piano e não da sala. Assim, decide introduzir vários objectos entre as cordas do piano - elásticos, porcas, parafusos, borrachas, entre outros - que permitem ao pianista produzir um conjunto de sons semelhantes a um ensemble de percussão.

Lutando contra os preconceitos associados à composição, Cage procurou que esta dependesse mais das escolhas do executante e do contexto da interpretação do que das escolhas prévias do compositor. Em 4'33'' (1952) o silêncio impera durante os 4 minutos e 33 segundos de duração da peça, em que o pianista permanece sentado, imóvel, em frente ao piano. Tal facto torna a peça integralmente dependente dos ruídos aleatórios produzidos na sala (tosse, espirros, ranger de cadeiras, bater de portas, entre outros ruídos da audiência), o que conduz a que cada interpretação seja única e irrepetível.

As Sonatas e Interlúdios para Piano Preparado foram compostas durante 2 anos e terminadas em 1948. A sonoridade oscila, segundo o próprio Cage, entre as influências da música ocidental nos sons semelhantes a sinos e as da música oriental, sugerida pelos sons de tambores. De um modo geral, a harmonia musical encontra-se ausente, sendo a estrutura rítmica a preocupação central. Cage comparou a composição desta peça ao caminhar pela praia à descoberta de conchas e búzios que nos agradam. À medida que explorava o piano preparado, retinha as sonoridades que combinavam com a estrutura rítmica, abandonando as restantes. No limite deste método, Cage acaba por deixar cair toda a intencionalidade da composição para privilegiar a aleatoriedade.

A melhor performance disponível no You Tube das "Sonatas e Interlúdios" é de Tim Ovens a interpretar a Sonata IV. O vídeo demora um pouco a carregar, mas vale a pena apreciar a preparação técnica do piano.


Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.