segunda-feira, setembro 25, 2006

Middlesex


Já alguma vez sentiram saudades de um livro? Acabei de ler Middlesex no sábado e já sinto saudades dos personagens e do enredo. Este é um trabalho notável, não só pelo tema insólito que retrata, mas sobretudo pelo relato da longa sequência de eventos que conduz à revelação de um terrível segredo familiar. Com esta obra, Eugenides venceu merecidamente o prémio Pulitzer de 2003 para melhor obra de ficção.

Apesar da sua dimensão (530 páginas), ou se calhar por causa dela, a obra de Jeffrey Eugenides é de “ler e chorar por mais”. Eugenides escreveu apenas dois livros, ganhando reputação de forma instantânea com o seu As Virgens Suicidas, mais tarde adaptado ao cinema por Sofia Coppola. Middlesex é um livro que também implora ser transformado em filme, mas talvez pelo pai de Sofia, já que relata a saga de uma família de imigrantes gregos na América.

O que torna Middlesex uma peça literária única é o seu tema. A personagem principal, Calliope, nasce e é criada até aos 14 anos como rapariga; apenas com a chegada da puberdade se descobre a incrível verdade: Calliope é hermafrodita; exteriormente (quase) aparenta ser mulher, mas interiormente é homem, possuindo testículos que nunca chegaram a descer e, também por essa razão, não permitiram uma identificação atempada do sexo da criança.

O tom do enredo oscila entre uma comédia e uma tragédia grega, com momentos de soap opera americana. Uma delícia!

quinta-feira, setembro 14, 2006

Milão - Barcelona

Os poucos que responderam preferiram Barcelona. Aqui fica a avaliação detalhada e... subjectiva.
1. Beleza humana: Milão
Milão é a capital da moda e, só por isso, já seria uma cidade repleta de gente bonita, mas as italianas e os italianos capricham MESMO na forma de vestir.
2. Arquitectura citadina: Barcelona
Aqui sobram poucas dúvidas. A Barcelona de Antoni Gaudí é maravilhosa em termos arquitectónicos. O Parque Güell, a Sagrada Família, a Casa Milà (La Pedrera), entre muitos outros edifícios, dão a Barcelona um charme fantástico e surreal que é inesquecível. Milão, apesar de alguns edifícios interessantes sob o ponto de vista arquitectónico, está longe de poder competir.
3. Comida: Milão
Por lapso, cheguei a pedir Pasta Carbonara em Milão. Fui informado educadamente que (ler em Inglês com sotaque Italiano) "that pasta is not from this region". Mas a pasta daquela região é uma delícia. Há uma certa "unidade" na cozinha regional italiana que está ausente da comida catalã. Com o meu gosto por massas, natas e queijos, Milão ganha à vontade.
4. Metropolitano: Barcelona
Aqui a coisa complica-se. Nenhuma das redes de metropolitano é parecida com a de Moscovo, mas a de Barcelona impõe-se pela existência de ar condicionado permanentemente ligado, melhores carruagens, melhores passageiros e mais turistas. Milão que me desculpe, mas ainda não percebi qual é a ideia de abrir todas as janelas em todas as carruagens quando se anda a alta velocidade debaixo da terra...
5. Compras: Milão
Um Centro Comercial só com lojas Armani e a representatividade das marcas mais luxuosas (Gucci, Carolina Herrera, Louis Vuitton, Bvlgari, etc) permitem a Milão vencer Barcelona sem grande dificuldade.
6. Catedral: Milão
A Sagrada Família é uma obra impressionante pela sua dimensão e megalomania, é sobretudo encantadora por Gaudí pretender imitar as grandes catedrais da Idade Média em tamanho e tempo de construção. Neste momento, estão prontas 8 das 16 torres previstas e a construção já dura há mais de 100 anos. Acontece que a construção do Duomo (Catedral de Milão) foi iniciada em 1390 e terminada em 1817, tendo demorado quase quatro séculos e meio a terminar. Dada a duração do projecto, a Catedral de Milão resulta de uma mistura de estilos, embora o gótico seja predominante. A dimensão do Duomo é impossível de descrever em palavras. Para comprenderem melhor, basta dizer que as visitas ao telhado são um must e chegam a andar centenas de pessoas pelo telhado sem que este pareça sobrelotado.
7. Parque Automóvel: Milão
Passeava em frente ao Scala de Milão quando pararam num semáforo dois Porsches e um Ferrari entre eles. É preciso dizer mais alguma coisa?
8. Vida nocturna: Barcelona
Barcelona ganha por KO. Neste âmbito, a oferta é muita e diversificada e a localização da cidade, o clima e a mentalidade liberal transformam Barcelona na cidade mais aliciante para sair à noite e até de manhã.
9. Museus e actividade cultural: Barcelona
Aqui a preferência é pessoal. As pinacotecas e a Arte do Renascimento em Milão não me encantam por aí além, ao passo que o Museu Picasso, o Museu Dali e a Casa de Gaudí apresentam exposições que alimentam os meus olhos, o coração e a alma.
10. Equipa de futebol: Barcelona
A parada de estrelas em Milão é imensa. Entre a Internazionale e o A.C.Milan, a cidade é completamente fanática, não sendo por acaso que lhes chamam tiffosi. Em Barcelona, as estrelas da bola não são propriamente frequentadores da passerelle, mas sim verdadeiros artistas da bola. Relembro alguns: Ronaldinho, Deco, Messi, Eto'o, Iniesta, Giuly. Entre Milão e Barcelona... Barcelona sempre!
11. Estacionamento: Barcelona, apesar de tudo
O caos nas duas cidades é imenso, mas Milão desafia tudo que possam ter visto até hoje. Estacionar "de ouvido", estacionar de frente num local onde só cabe um Smart, acelerar nas passadeiras, estacionar nas mesmas, passar sinais vermelhos, vi de tudo em terras milanezas.

Resultado Final: Barcelona 6 Milão 5

segunda-feira, setembro 11, 2006

Milano - Barcelona

Duas cidades fantásticas competem num mini-concurso bloguístico para determinar qual a melhor. Aqui fica a lista dos 11 itens a avaliar:

1. Beleza humana
2. Arquitectura citadina
3. Comida
4. Metropolitano
5. Compras
6. Catedral
7. Parque Automóvel
8. Vida nocturna
9. Museus e actividade cultural
10. Equipa de futebol
11. Estacionamento

Votem através de comentário ou email (umpianonafloresta@gmail.com)

segunda-feira, setembro 04, 2006

Milano


Depois de uma divertida troca de impressões com a Inês sobre as bolachas Milano, posso agora confirmar que vou saborear a verdadeira Milano, a partir de amanhã e até ao próximo Domingo.

Com a sua mania das grandezas, o European Group of Public Administration decidiu reunir em Milão, de 6 a 9 de Setembro. É a minha primeira ida a Itália e nem o habitual nervoso miudinho, associado à apresentação pública do artigo "Regional Partnerships and Co-operation between Portuguese Municipalities: Recent Experiences in Service Delivery", impedirá um par de crónicas bloguísticas.

A publicação das crónicas americanas, totalmente escritas ao longo do mês de Agosto, será retomada após a conferência.

Boa semana para todos!

Crónicas Americanas 4: Montpellier (Idaho)


Abandonamos o Parque Nacional do Yellowstone pelo sul, passando por um outro parque nacional - o Grand Teton - cujo elemento mais marcante é a impressionante cadeia montanhosa que vêem na imagem. O Teton Range ultrapassa em vários pontos os 4 mil metros acima do nível do mar (mais do dobro da Serra da Estrela) e a paisagem tem elementos em comum com as Rochosas do Canadá, já que é também marcada por lagos resultantes do degelo dos glaciares.

O Estado Americano do Idaho é famoso pela qualidade das suas batatas, promovidas até nas matrículas dos automóveis! É o único local do mundo em que Montpellier fica a norte de Paris. É também a única forma de Montpellier ser maior do que Paris.
A paisagem é aqui composta por quintas e ranchos e pequenas localidades que nunca chegam a ultrapassar as duas ou três centenas de habitantes. Em contraste, Montpellier tem 2250 habitantes, uma "metrópole" que oferece comida, quarto e outros serviços úteis. Por comparação com Cody, os preços baixaram para metade. O quarto custa aqui 65 dólares (aproximadamente 50 euro), mas a qualidade é até ligeiramente superior, talvez devido ao facto do hotel ser novo.

Bem-vindos ao Idaho!

Nota: Obrigado a todos pelos vossos comentários às entradas anteriores. Gostaste dos bisontes? Toma lá mais esta!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Crónicas Americanas 3: Parque Nacional do Yellowstone


O Parque Nacional de Yellowstone é a jóia da coroa dos parques nacionais dos Estados Unidos. Absolutamente maravilhoso. Uma paisagem composta por géisers, fumarolas e nascentes de água quente torna o Yellowstone um local quase único no mundo, apenas comparável a certas áreas na Islândia e na Nova Zelândia. A razão deste cenário é a gigantesca cratera vulcânica com aproximadamente 3500 quilómetros quadrados que é totalmente abarcada pela delimitação do Parque. As erupções vulcânicas sucedem-se em intervalos de aproximadamente 600 milhões de anos. A primeira há 2 milhões de anos, a segunda há 1,3 milhões e a última há 640 milhões de anos, pelo que a próxima poderá estar iminente. Das dezenas de exemplos possíveis, o mais famoso dos elementos desta “explosiva” paisagem é o géiser “Old Faithful” (“Velho Fiel”), que, fazendo jus ao nome, permanece activo de 90 em 90 minutos.

A vida selvagem é abundante e diversificada: bisontes, alces, veados, ursos pretos e grizzlies, lobos, coiotes, cisnes trombeteiros e pelicanos. O mais incrível é que muitos destes animais se passeiam pelo Parque sem qualquer receio dos seres humanos (e dos automóveis). Os bisontes, em particular, são tão aparentemente dóceis, que não surpreende que tenham sido caçados quase até à extinção. O cenário da foto é esclarecedor.

Menos espectacular, mas de uma serenidade idêntica à sua dimensão, é o Yellowstone Lake. É o maior lago de montanha da América do Norte, com 32 quilómetros de comprimento, 22 de largura e 50 metros de profundidade média. A temperatura média à superfície em Agosto é de 12 graus centígrados. Os seus habitantes mais conhecidos são as trutas, de uma espécie nativa, que servem de alimento aos pelicanos brancos que também abundam pelo Parque.

Aproveitei a margem do lago para recuperar forças e absorver inspiração neste local magnífico.