Eu sei que os Supertramp são uma banda pirosa e que a voz aguda de Roger Hodgson é detestável para muita gente. Mas recentemente apeteceu-me recordar os meus 18 anos e o primeiro contacto com a banda. A entrada memorável de "School", o dramatismo de "Crime of the Century" e o chilrear de passarinhos em "Even in the Quietest Moments" transportam-me para uma altura em que, para além de feliz, era inocente. Inocente por acreditar na bondade das pessoas, na simplicidade da vida, na evidência das decisões a tomar. Acho que perdi essa inocência quando saí de casa aos mesmíssimos 18 anos. Ou melhor, quando mudei de cidade (Gaia por Braga).
Há alguns dias atrás, o Luís falava de provincianismo. O provincianismo tem vantagens quando observado sob o ponto de vista da inocência. Impede a confrontação dos nossos medos e das nossas insuficiências, poupa-nos a tarefa árdua das escolhas e, em última análise, torna a nossa vida mais segura. Mais segura, mas muito menos interessante.
Ouvir A Soap Box Opera, na sua plenitude orquestral, lembrou-me como pode ser importante olharmos as nossas raízes e rever o percurso que fizemos. Dezoito anos depois, quase todas as premissas foram abandonadas ou reequacionadas. Perguntar-me se ainda reconheço quem era, é demasiado complexo para responder e provavelmente irrelevante para quem só contempla o futuro como opção.
"A Soap Box Opera" performed by Supertramp
PS: O meu agradecimento ao Pedro pela sugestão do título do post
5 comentários:
Meu Deus, nunca tinha pensado que esta banda pudesse ser pirosa!
Todos nós temos fragilidades; ainda hoje me recordei do primeiro disco que comprei. Era dos ... Boney M!
Luís: Convenhamos que uns hippies cabeludos dos anos 70 a cantar com voz de falsetto não estão propriamente na moda...
Vasco: Boney M é mau, mas deixa estar que eu tenho singles dos Modern Talking!
Sabes Fernando, uma altura, pensava eu que já tinha os gostos amadurecidos e suficientemente bem afirmados, vai daí comprei um disco de Curiosity Killed the Cat. E esta hem? Se juntarmos os Boney M, os teus Modern Talking e estes "cats", talvez se justifique montarmos uma banca de discos no S.João do próximo ano.
Independentemente da reflexão que suscita este texto... Quem se atreve a chamar a esta banda de pirosa?!
Enviar um comentário