domingo, fevereiro 17, 2008

Belo Mundo

Depois de 36 anos de vida e mais de um milhar de filmes, posso afirmar que já não fico impressionado com a maioria dos filmes que vejo. Não tendo sequer especial apreciação por romances históricos, foi com alguma surpresa que constatei que ainda me surpreendo com o trabalho de alguns realizadores.

A história inicia-se em 1607, com a chegada de três embarcações inglesas à costa da Virginia para iniciar a colonização daquela parte do continente americano e na expectativa de descobrir a passagem por ocidente para as Índias Orientais. O grupo de pouco mais de uma centena de colonizadores depara-se imediatamente com doenças e fome que dizimam quase por completo os habitantes do Forte de Jamestown. A relação entre os índios e os colonos é cheia de tensões e incompreensões, mas, apesar disso, é a amizade que se desenvolve entre a Princesa Pocahontas (filha do chefe da Tribo) e o capitão John Smith que permite que os colonos sejam salvos pelos mantimentos fornecidos pelos índios durante o longo e duro Inverno do primeiro ano. O resto do filme incide sobretudo na adaptação de Pocahontas ao modo de vida dos ingleses, bem como o seu casamento e constituição de família com John Rolfe.

O que mais me impressionou no filme foi a fidelidade da recriação histórica. Os índios das tribos Powhatan e Algonquin da Virginia são mesmo representados por descendentes de índios, as suas pinturas, cortes de cabelo e vestes são fiéis às dessas tribos, as embarcações inglesas são verdadeiras (emprestadas por um museu), as armas são reproduções fiéis utilizando os materiais usados naquele tempo, as construções das tendas e do forte obedecem à "tecnologia" da época e a linguagem e os rituais índios reflectem a cultura transmitida por via da tradição oral.

Por tudo isto, o filme é extraordinário, mas há alguns aspectos que o tornam ainda mais belo. A realização de Terrence Malick é prodigiosa. Para além de uma mise-en-scène excelente, a forma cuidada como a câmara é operada, os planos muito demorados, sem pressa de avançar para a cena seguinte, e a fotografia fantástica, tornam o filme um colírio para os olhos e para a alma de quem vê, isto apesar da visão algo negra dos seres humanos que perpassa grande parte da história. Conheço quem tenha achado o filme monótono, mas julgo que essa crítica se deve ao facto de não estarmos habituados a ver filmes comerciais americanos com um tratamento tão cuidado da imagem e da realização.

sábado, fevereiro 02, 2008

Hopper

Se um dia ganhar o Euromilhões, compro um original de Edward Hopper. A representação da luz, a nostalgia de uma América passada e o ambiente misterioso que transmitem os seus quadros... fascinam-me.

Western Motel (1957) by Edward Hopper