Não tenho paciência para tanta unanimidade em torno da Selecção Nacional de futebol. A histeria colectiva gerada durante o estágio é completamente desproporcionada em relação ao que está em jogo. A recepção na Alemanha parecia uma celebração da vitória no Mundial. A verdade é que ainda não ganhamos nada, mas os Portugueses festejam como se não houvesse amanhã. Estará tudo louco? Se querem a minha opinião, não acho que a selecção vá a lado nenhum. Estou a escrever isto antes do Mundial começar para que não se diga que falar depois é fácil.
Começamos por menosprezar os adversários, achando que Angola e o Irão vão à Alemanha fazer turismo. Para confirmar a ideia que será tudo fácil, há jogadores que aproveitam a folga para dar um salto à discoteca até às 6 da manhã, passeiam-se pelo centro de Évora e fazem trabalho de Relações Públicas em frente ao Templo de Diana. Tudo muito social, tudo muito pop, para a cobertura jornalística e televisiva ser a melhor possível. Sim, tudo isto enquanto as outras selecções estão concentradas a trabalhar em locais remotos, adaptando-se ao clima da Alemanha. Até a todo-poderosa selecção do Brasil faz estágio numa aldeola Suiça com temperaturas mais à medida, protegida dos olhares curiosos dos media.
Os exemplos da mediocridade do nosso futebol “profissional” são muitos. O nosso estágio decorreu debaixo de temperaturas superiores a 35º centígrados, só porque um lobby de empresários da construção civil foi bem sucedido em Évora e o seu opositor de Melgaço fracassou. Uns terrenozitos fora da cidade para a construção das instalações do Lusitano a troco de uns terrenos para exploração imobiliária no centro da cidade foi o que bastou para convencer os (ir)responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol a irem pastar para o inferno Alentejano. Claro que a população de Évora não se importa nada com os maus investimentos e negociatas do município. O que o povinho quer é os artistas da bola lá por perto; o erário público que se lixe!
Os (ir)responsáveis da Selecção devem pensar que somos todos parvos, a começar pelo treinador, que decide começar a insultar António Pedro Vasconcelos, Miguel Sousa Tavares (“o pai dele foi um grande escritor. O pai, né, porque ele é uma bosta” sic), Rui Moreira (“o empresário fracassado”) e Rui Santos (“recebeu uma herança do tio e ficou rico”). Digam-me uma coisa: há paciência para esta falta de tolerância contra opiniões dissidentes? O Senhor Scolari não gosta de ser criticado e adora o seguidismo do povo Português. Acontece que nem todos lhe prestam vassalagem... e ainda bem! O problema é que naquele grupo de intelectuais há adeptos dos três grandes. É uma grande chatice, caso contrário poderia sempre culpar tudo no Pinto da Costa...
Querem alguma coisa mais reminiscente do pré-25 de Abril do que aquelas conferências de imprensa dos jogadores da selecção, nas quais só se dizem banalidades e em que as questões incómodas são censuradas? Não tenho paciência para tanta idiotice. Espero que o final seja rápido e indolor. Se ficarmos pela primeira fase tanto melhor. É da maneira que os Portugueses acordam mais rapidamente do estupor em que parecem ter entrado e começam a trabalhar para melhorar o ranking do… desenvolvimento.
4 comentários:
Isto é o mundo do futebol e como esse existem outros mundos praticamente iguais Muito se fala pouco se faz!
Inteiramente de acordo. Já agora os parabéns pelo blog. Sóbrio e de Bom gosto. Se puder espreite em www.ignorantia.blogspot.com
Então e essa azia? Tomem rennie seus parolos! LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
Parolos e otários são os que não têm espírito crítico e "comem" tudo que lhes impingem...
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