Mais uma crónica da viagem realizada em Agosto... desta vez sobre o suculento tema da Poligamia!

A longa faixa de terreno entre a fronteira do Utah e o Grand Canyon do Arizona é praticamente desprovida de população. Nesse pedaço de território esquecido situa-se a infame localidade de Colorado City, um dos últimos redutos de poligamia entre os Mórmon. Apesar de proibida oficialmente em 1890, a poligamia continua a ser praticada por grupos marginais (alguns diriam fundamentalistas) ligados à religião criada por Joseph Smith.
Colorado City é um lugar estranho, com ruas muito largas, demasiado largas para um localidade com apenas 6000 habitantes, e uma proporção anormal, para o contexto americano, de moradias com dois pisos. Manda a tradição que no rés-do-chão morem as mulheres com filhos e no piso superior, aquelas que ainda não os têm.
A localização estratégica de Colorado City, na fronteira entre o Utah e o Arizona, permitia que, sempre que as autoridades do Utah perseguiam os polígamos de forma mais acérrima, estes atravessassem a fronteira à procura de refúgio no estado vizinho, aproveitando o relativo mau relacionamento entre as autoridades respectivas. Quando estas começaram a colaborar, os homens de Colorado City foram obrigados a “dar corda aos sapatos” e abandonar os seus lares. Por essa razão, a proporção de mulheres e crianças é significativamente maior do que seria de esperar.
Contudo, o assunto da poligamia está longe de ser pacífico, já que as famílias argumentam que as práticas poligâmicas são voluntárias e que ninguém é obrigado a ser polígamo. Além disso, a prisão dos homens polígamos resulta no abandono de mulheres e filhos, o que é mais prejudicial para estes últimos do que seria a vivência numa sociedade poligâmica. Todavia, os actos dos próprios chefes de família acabam por dar razão aos que se opõem à poligamia. Num caso relatado num canal de televisão americano, um homem tomou para sua quarta esposa uma rapariga de apenas 13 anos, o que levanta de imediato preocupações com práticas de pedofilia. Como as comunidades poligâmicas tendem a ser extremamente fechadas, os pedidos de maior empenho nas investigações do Ministério Público no sentido de perseguir os polígamos não param. A polémica segue dentro de momentos…