sexta-feira, janeiro 12, 2007

Aparelho Voador a Baixa Altitude

Sou orgulhoso proprietário de uma dúzia de livros de James G. Ballard. Estranhamente, tudo começou com Crash, essa novela auto-erótica que David Cronenberg adaptou ao cinema há mais de uma década. Fiquei tão impressionado com o filme, que decidi ir ler o livro, de 1972. A palavra choque não é suficiente para descrever o conteúdo do romance, que articula sexo, tecnologia e parafilias diversas numa mistura explosiva e francamente vanguardista para a época. (Comparado com Crash, “O Último Tango em Paris”, o suposto filme-choque de 1972, é uma fantasia para crianças.) Mas os méritos de Ballard não se esgotam em Crash; na verdade, a capacidade do autor para despertar a imaginação e fazê-la voar é bem mais evidente em obras como O Mundo de Cristal, Olá América ou Running Wild (não editado em português). Os mais recentes e conhecidos em Portugal – Noites de Cocaína e Gente do Milénio – acabam por ser, em minha opinião, obras menores de um autor que também publicou curtos contos de ficção científica com algum impacto literário.

Nesta última categoria encontra-se o último livro de Ballard que li – Aparelho Voador a Baixa Altitude (1976) – centrado no tema da aeronáutica e no qual Ballard explora, uma vez mais, o seu talento inigualável para pintar paisagens futuristas, praticamente desprovidas de seres humanos, mas com a maioria das infra-estruturas e equipamentos que a civilização construiu ao longo do século XX a permanecerem intactos. Os poucos seres humanos deambulam nestes cenários surreais à procura de um sentido para a sua existência, e, invariavelmente, encontram-no em actividades relacionadas com um dos mais antigos sonhos da humanidade: voar.

5 comentários:

AEnima disse...

Quem viu o filme crash no cinema, na altura em que foi lancado, nao volta a esquecer o acontecimento na vida. Assim como nunca te vais esquecer de onde estavas no 11 de setembro.

Apanhou-me na fase teenager/mulher, muito negra e de amadurecimento.

Nuno alvares, porto, noite chuvosa de outono (se nao era, parecia)

Jazz Manel disse...

Vi o crash e adorei, tenho em vhs e de vez em quando ainda o revejo, mas é normal sou fã do Cronemberg, da mistura que ele faz entre o orgânico e a tecnologia.

Não houve recentemente um filme português baseado neste liro Aparelho Voador a Baixa Altitude ???

Fernando disse...

Há, de facto, uma versão em filme desta obra de Ballard. O filme é uma co-produção Luso-Sueca e a realizadora é Solveig Nordlund.

david santos disse...

Olá!
Não dá para esquecer mais.
Parabéns.
Bom fim-de-semana

Lord of Erewhon disse...

Belo book!