terça-feira, março 13, 2007

Little Annie em Serralves: impressões


Na sua última incarnação, Little Annie apresentou-se ao vivo no Auditório do Museu de Serralves no Porto acompanhada por Paul Wallfisch ao piano. Se a presença em palco e a interacção com o público são pouco convencionais, já os sentimentos presentes nas canções do seu último disco – Songs from the Coal Mine Canary – são extremamente familiares. Nas letras das canções, Little Annie descreve relações turbulentas, pessoas inconstantes e ambientes voláteis, minados pelo álcool e outras dependências físicas e psicológicas. Se os textos são intensamente autobiográficos, e temos todas as razões para pensar que o são, então o espectáculo de palco é uma espécie de catarse que liberta e alivia. A cantora atira-se ao chão, rebola-se, levanta-se e corre, tira os sapatos, elogia a suavidade do chão de madeira, volta a calçar os sapatos e queixa-se dos tacões; é uma montanha russa de emoções. O público vibra e aplaude entusiasticamente entre os temas, mas respeita cada interpretação com um silêncio quase religioso. Trata-se de uma lutadora que utiliza o humor mordaz e o sarcasmo para lidar com os reveses da existência. “This song was written a few husbands ago”, diz ela no início de um tema antigo.


Nos seus longos monólogos em palco, Little Annie explica o contexto em que nasceu o tema seguinte e o estado de alma que presidiu à sua criação. Esses monólogos, que com um público mais atrevido seriam diálogos, constituem um aspecto pouco convencional do espectáculo, e aproximam a intérprete da assistência numa comunhão intensa de sentimentos.

Os momentos altos do concerto foram os temas Good Ship Nasty Queen, Absynthtee-ism e Sit On Down. Destacaram-se ainda Strangelove (que é conhecida entre nós por ser “aquela música do novo anúncio da Levis”) e as excelentes versões de “Private Dancer” (Tina Turner), “I Still Haven’t Found What I’m Looking For” (U2) e “If You Go Away” (Jacques Brel/Scott Walker). Noventa minutos após o início, o concerto termina, mas Little Annie já deixa saudades...

4 comentários:

Anónimo disse...

o concerto foi muito bom,mas é pena que o ambiente não fosse o apropiado,deu para perceber que a maior parte das pessoas só estava la por ser serralves,chegando eu a ouvir pessoas no fim do concerto a disser que não gostarom,mas eu adorei.

Anónimo disse...

Esta senhora tem uma série de nomes (little anne/bandez/hayden/anxiety/annie...e uma quantidade enorme de facetas...é impressionante o cv,as origens,o percurso e todos os desvios (?!?) ke a vida dela tomou

a música ke passa aki enganou-me ( tive ke double check a ver se não me tinha enganado...) o ke andei a ouvir não é tão angelical cm este start a little late

andei a ouvir o soul possession e achei-o mt perturbador ( e ela ke até me parece delicada lol ), a música viet not mine el salvador yours impressionou-me especialmente,pela intensidade e por ter conseguido imagina-la a rebolar,rastejar whatever ke ela é obrigada ( pk o corpo lhe deve pedir ) a fazer qd canta isto.

sem dúvida ke vê-la ao vivo será um acontecimento único já ke ela parece-me demasiado complexa para entendimentos auditivos apenas

boa semana

Fernando disse...

David:
Tens razão: O concerto foi fantástico. Ela tem uma postura de palco única e foi pena que o público não tivesse respondido "à letra".

Gala:
Desculpa se te confundi, mas a Annie Hayden é outra pessoa. Esta música que passa aqui há algum (demasiado) tempo é, de facto, angelical, mas não está sequer remotamente relacionada com a Little Annie/Anxiety/Bandez. Vou ver se mudo a música do blog ainda hoje...

Anónimo disse...

eu tinha percebido ke nao era a mesma, daí ter ido confirmar.
era impossivel

:)
abraço