sexta-feira, junho 27, 2008

1991. White Light From the Mouth of Infinity - Swans

Na costa oeste dos EUA, vivia-se o ano do grunge. Pearl Jam, Alice in Chains, Soundgarden e, sobretudo, os Nirvana eram o centro das atenções. Um dos temas mais populares da década, Smell Like Teen Spirit, servia de hino de revolta a uma geração e conduzia os Nirvana a um ponto de não-retorno. Na América, Nevermind é o álbum de uma geração de revoltados contra o establishment do rock decadente dos Def Leppard, Motley Crue, Ratt e Poison. Tal como o punk no seu tempo, o grunge promoveu uma saudável "limpeza étnica" no seio da música popular. Tal como o punk no seu tempo, o grunge acabaria por cometer os mesmos excessos.

Mas na Costa Leste o tempo era de reinvenção. Os Swans de Michael Gira abandonavam uma das suas muitas peles e renasciam com White Light From the Mouth of Infinity. A voz de Gira é grave, profunda, e transpira arrogância. As letras manifestam revolta, egoísmo, desolação, isolamento e morte. A música alterna as melodias suaves com momentos de descarga sonora.

O álbum vale fundamentalmente pelo seu conjunto, pela forma como os temas estão encadeados e pela utilização de um vasto leque de instrumentos, dos quais se destaca a percussão poderosa, que contribui para uma textura musical sufocante. Os temas mais marcantes são, porventura, Love Will Save You, Miracle of Love, e Song For the Sun. O poema de Failure é o mais notável do disco e um dos mais impressionantes relatos do que a obsessão com um sucesso pode fazer para a destruição de um ser humano.

Em 1991 merecem ainda destaque os álbuns:
  • Yerself is Steam - Mercury Rev
  • The Orb's Adventures Beyond the Ultraworld - The Orb
  • Out of Time - REM
  • Trompe Le Monde - Pixies
  • Loveless - My Bloody Valentine
  • Achtung Baby - U2
  • Island - Current 93
  • On the Way Down From the Moon Palace - Lisa Germano
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.

3 comentários:

vague disse...

(Off topic lá de casa)
Vejo q não aprecias os The Magnetic Fields? :)

Fernando disse...

Nada disso :-) Gosto deles, mas é uma música que requer uma (boa)disposição especial para ouvir.

klaudia disse...

gostei da ideia, vou estar atenta