segunda-feira, setembro 25, 2006

Middlesex


Já alguma vez sentiram saudades de um livro? Acabei de ler Middlesex no sábado e já sinto saudades dos personagens e do enredo. Este é um trabalho notável, não só pelo tema insólito que retrata, mas sobretudo pelo relato da longa sequência de eventos que conduz à revelação de um terrível segredo familiar. Com esta obra, Eugenides venceu merecidamente o prémio Pulitzer de 2003 para melhor obra de ficção.

Apesar da sua dimensão (530 páginas), ou se calhar por causa dela, a obra de Jeffrey Eugenides é de “ler e chorar por mais”. Eugenides escreveu apenas dois livros, ganhando reputação de forma instantânea com o seu As Virgens Suicidas, mais tarde adaptado ao cinema por Sofia Coppola. Middlesex é um livro que também implora ser transformado em filme, mas talvez pelo pai de Sofia, já que relata a saga de uma família de imigrantes gregos na América.

O que torna Middlesex uma peça literária única é o seu tema. A personagem principal, Calliope, nasce e é criada até aos 14 anos como rapariga; apenas com a chegada da puberdade se descobre a incrível verdade: Calliope é hermafrodita; exteriormente (quase) aparenta ser mulher, mas interiormente é homem, possuindo testículos que nunca chegaram a descer e, também por essa razão, não permitiram uma identificação atempada do sexo da criança.

O tom do enredo oscila entre uma comédia e uma tragédia grega, com momentos de soap opera americana. Uma delícia!

4 comentários:

∫nês disse...

Eu não disse?
A cena final, do acidente, está fantástica... entre outras, claro!

Ana Abreu disse...

Já me aconteceu isso, ter saudades de um livro. É algo esquesito, eu não consigo descrever... é msm saudades do livro, do enredo, como se as personagens fizessem parte do nosso puzzle...
Fiquei vontade de ler este livro.

Bjs

Anónimo disse...

Sempre sinto saudade de alguns personagens de livros. A última vez que isso aconteceu foi com "Norwegian Wood", do Murakami.
Mas, recentemente, quis me livrar dos personagens de "O caçador de pipas". Não é lá tão sofisticado, é popular demais, mas me tocou profundamente. Personagens sofridos não fazem a gente sentir saudades.

Anónimo disse...

Existe tradução em português?
Gostava de ler.