Os fãs dos U2 costumam apontar The Joshua Tree como o auge da carreira da banda. Discordo. Ainda que esse disco represente uma mudança significativa de sonoridade e seja caracterizado por uma diversidade musical assinalável, resultante das influências Made in America, não atinge a beleza lírica e melódica de Achtung Baby.
Bem acolhido pela crítica e pelos fãs, Achtung Baby reúne dois "gigantes" da música na produção, Daniel Lanois e Brian Eno, e foi misturado por outro produtor de sucesso (Flood). É um disco que, ainda hoje, ouço da primeira à última faixa sem ser "obrigado" a evitar certos temas. Os pontos altos são difíceis de identificar, já que a coesão é um dos pontos fortes, mas o ritmo alucinante de Even Better Than the Real Thing, as baladas One e Trying to Throw Your Arms Around the World e o pessimismo sinistro de Love is Blindness são os temas pessoalmente mais marcantes.
Há ainda um conjunto de curiosidades associadas a este trabalho. Durante a digressão Zoo TV, que tive oportunidade de ver ao vivo no defunto Estádio de Alvalade, os U2 iniciavam os concertos com Zoo Station, o poderoso tema de abertura do álbum, que dava o mote para noites inesquecíveis em que o carisma de Bono, o fabuloso videowall presente no palco e as excentricidades da banda deixavam milhares em êxtase. Estou a lembrar-me das famosas chamadas telefónicas, em directo e ao vivo, para a Casa Branca ou do sampler da voz de George Bush Sr., 'rapper' de circunstância, no tema We Will Rock You... Memoráveis são ainda as investidas de Bono na poesia surrealista, com as famosas tiradas presentes em Trying to Throw Your Arms Around the World:
"He took an open top beetle
Through the eye of a needle"
"And a woman needs a man
Like a fish needs a bicycle"
2 comentários:
já cá não vinha... vou voltando, abraço...
Para mim, o melhor álbum de sempre que já ouvi.
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