Para mim não é fácil escrever sobre a New Wave. Nunca fui grande fã de Talking Heads, Police ou Blondie. Dito muito simplesmente, passei directamente do punk dos Clash, Ramones ou Stranglers para o pós-punk de Joy Division, The Cure, Jesus & The Mary Chain, Cocteau Twins e Dead Can Dance. Talvez por essa razão seja difícil explicar o agrado com que, ainda hoje, ouço Soul Mining dos The The (aka Matt Johnson), editado em plena New Wave. Desde o primeiro momento da batida infecciosa de I've Been Waitin' For Tomorrow (All of My Life) se percebe que o primeiro longa duração dos The The é pop para a eternidade.
O próprio conceito de música pop é frequentemente empregue com um cunho pejorativo e preconceituoso, como significando algo que é, na sua essência, transiente. Acontece que, por vezes, há canções de música popular que escapam ao caixote do lixo do esquecimento, sobrevivendo muito para além do prazo de validade apontado. Neste disco há nem mais nem menos do que duas dessas pedras preciosas: This is the Day e Uncertain Smile. Não são apenas canções pop brilhantes; têm o selo da eternidade colocado pelas múltiplas passagens em discotecas celebrando os Anos 80.
O alucinante solo de piano de mais de 3 minutos em Uncertain Smile é obra do conhecidíssimo Jools Holland que, antes de apresentar programas de pop-rock na BBC, mostrava uma veia criativa para além do que o imaginávamos capaz. Ouçam e deliciem-se...
The The - Uncertain Smile
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
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