"Closer é limpidamente belo - tem a transparência silenciosa da solidão, sem nunca se transformar em auto-compaixão ou sentimentalismo. É o momento em que nos damos fé duma tristeza insolúvel, e da futilidade de a combater. Não há revolta - apenas um lento despertar, corajosamente assumido e aceitado. O encanto principal dos Joy Division não é o virtuosismo, ou sequer a criatividade da música - é, sobretudo, uma inesquecível sinceridade, despida de efeitos especiais, que se transmite, dir-se-ia por osmose sensível, a quem a ela se expõe." (publicado originalmente em O Jornal, 11 de Novembro de 1980)
Dois anos depois, o mesmo Miguel afirmava:
"E quem for até Closer logo verá estar parado num extremo, numa colina diante outra inalcançável imensidão. É o cabo da Roca do pequeno continente Pop."
(publicado originalmente em O Jornal, 8 de Abril de 1982)
(publicado originalmente em O Jornal, 8 de Abril de 1982)
O suicídio de Ian Curtis, 2 meses antes do lançamento póstumo de Closer, bastaria para eternizar o segundo e último disco de originais da banda, mas o conteúdo marcaria uma geração de músicos, tal como The Velvet Underground & Nico (o famoso álbum da "banana") havia feito nos anos 60. The Cure, Echo & The Bunnymen, Cocteau Twins, Dead Can Dance, The Pixies, e muitos, muitos outros têm uma dívida de gratidão e prestam homenagem aos Joy Division.
É difícil descrever por palavras algo que só pode ser sentido ouvindo a banda. A inacreditável batida hipnótica de Heart and Soul é um prenúncio da Madchester, do Ecstasy e do Apocalipse. The Eternal é o mais próximo que uma banda rock alguma vez esteve de compor uma marcha funébre. Passover é um passaporte (ou uma lente de aumento) para a depressão:
This is the crisis I knew had to come,
Destroying the balance I'd kept.
Doubting, unsettling and turning around,
Wondering what will come next.
Is this the role that you wanted to live?
I was foolish to ask for so much.
Without the protection and infancy's guard,
It all falls apart at first touch.
Destroying the balance I'd kept.
Doubting, unsettling and turning around,
Wondering what will come next.
Is this the role that you wanted to live?
I was foolish to ask for so much.
Without the protection and infancy's guard,
It all falls apart at first touch.
A última faixa - Decades - pega no David Bowie de Low (1977) e anuncia a mudança. É o prelúdio da sonoridade que os New Order tão bem iriam explorar durante os anos 80 e um débil assomo de luminosidade num disco mergulhado na escuridão.
- Atrocity Exhibition – 6:06
- Isolation – 2:53
- Passover – 4:46
- Colony – 3:55
- A Means to an End – 4:07
- Heart and Soul – 5:51
- Twenty Four Hours – 4:26
- The Eternal – 6:07
- Decades – 6:10
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
5 comentários:
Fenomenal! Curioso ter visto o comment ao meu post enquanto ouço o Unknown Pleasures...
E já agora: este ano há grandes planos de viagem para Agosto? =o)
Nuno: A escolha entre o U.P. e o Closer foi difícil, mas o ano de 1979 tinha mais candidatos fortes do que o ano de 1980.
Pec: Há 2 viagens já marcadas e pagas. As revelações dos destinos estão para próximo!
Oh não... a inveja anual está prestes a começar. ;)
Oi Fernando,
Parabéns pelo blog, muita magia e sensibilidade!
peguei emprestado o comentário sobre Closer para postá-lo no meu blog.
Se fizer objeção, me avise!
Abraços.
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