A música contida em Out of the Cool é impressionista. Ao ouvir os 15 minutos de La Nevada ficamos com a nítida sensação que efectivamente neva lá fora. Gil Evans consegue neste tema um balanço sólido entre o pouco que é composto e o muito que é improvisado, ainda que o meu coração balance fortemente a favor dos longos momentos de improvisação. A sonoridade é original, fundindo a improvisação típica dos small ensembles de jazz com as texturas mais densas proporcionadas pelo grupo mais alargado de 14 músicos que compõe a Gil Evans Orchestra.
Assim, não se tratando de um álbum de jazz convencional para a época, Out of the Cool marca um período em que as fronteiras do jazz se expandem, como já havia ficado demonstrado no ano anterior com a colaboração entre Miles Davis e Gil Evans no excelente Sketches of Spain. Este último quebrou barreiras musicais com a famosa interpretação do segundo andamento do Concerto de Aranjuez de Joaquín Rodrigo numa versão que funde o jazz, a orquestra e o folk espanhol. Em Out of the Cool, as influências são ainda mais vastas, com óbvios contornos dos blues em Stratusphunk, do West Coast jazz em Where Flamingos Fly e da música latino-americana no já referido La Nevada.
Podem escutar excertos de Out of the Cool da Gil Evans Orchestra aqui.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
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