O tema de abertura - Out of This World - é um portento de energia, empenho e arrebatação. Durante mais de 14 minutos, o quarteto expõe o original de Arlen e Mercer com elementos de improvisação típicos da obra de Coltrane e que constituem a sua marca no jazz e os que mais se destacam na sua interpretação de clássicos do jazz. Se é verdade que Coltrane é um disco com uma sonoridade mais conservadora na obra do saxofonista, também não é menos verdade que Out of This World demonstra a incrível capacidade de entrega que sempre caracterizaram o músico nascido na Carolina do Norte.
Embora Coltrane não seja o disco mais marcante da carreira do saxofonista, perdendo esse estatuto para os excelentes Blue Train (1957) e A Love Supreme (1964), ainda é o disco que mais ouço. Permite-me ter o melhor dos dois mundos: o John Coltrane das longas improvisações ao lado do John Coltrane mais acessível em termos melódicos. O melhor exemplo desta segunda vertente é a interpretação lânguida e sensual de Soul Eyes, um original de Mal Waldron.
Na impossibilidade de encontrar interpretações originais em vídeo de temas do álbum, optei por escolher uma interpretação pelos mesmos músicos do tema Afro Blue (1960):
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
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