terça-feira, outubro 18, 2005

Abóboras em Rota de Colisão

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Um disco memorável! Uma obra-prima inigualável! Mellon Collie and the Infinite Sadness é um título perfeito para descrever 28 temas e duas horas de música sempre surpreendente e poesia inspiradíssima. Este duplo álbum encontra-se dividido em duas partes: Dawn to Dusk e Twilight to Starlight. A produção de Flood, Alan Moulder e Billy Corgan é quase perfeita. A arte gráfica é lindíssima e inspira-se em George Meliés. Os animais e seres inanimados representados ganham personalidade e comportamentos humanos e fazem-nos sorrir.

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Os Smashing Pumpkins passam por 30 anos de influências e sonoridades distintas. O grunge de Chicago está aqui mais diluído do que no disco anterior, Siamese Dream, e misturado com canções de amor de influência beatliana e épicos à la Pink Floyd, mas tudo temperado com uma apreciável dose de irreverência e inconformismo.

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O duplo álbum inicia-se com Mellon Collie and the Infinite Sadness um instrumental de piano a solo que bem podia ser a banda sonora deste blog. É Billy Corgan que faz tudo: vocalista, compositor, produtor, multi-instrumentista e génio musical que liderou os Pumpkins durante os seus pouco mais de 10 anos de existência. Os grandes êxitos comerciais deste disco aparecem no primeiro cd: Tonight, Tonight, Zero e Bullet With Buttefly Wings. Dois épicos inesquecíveis (Porcelina of the Vast Oceans e Thru the Eyes of Ruby) rompem com a rigidez da canção pop-rock de 3 ou 4 minutos e apresentam-se como poemas sinfónicos do rock. Duas melodias românticas, Beautiful e By Starlight, povoavam os meus amores dos vinte e poucos anos.

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As letras caracterizam-se por tópicos tão diversificados como a fúria alienada (“Despite all my rage I am still just a rat in a cage”), o nihilismo (“Emptiness is loneliness, loneliness is cleanliness, cleanliness is godliness and god is empty just like me”), o voyeurismo (“I know I’m silly cause I’m hanging in this tree in the hopes that she will catch a glimpse of me”) ou a manipulação emocional (“wrap me up in always, and drag me in with maybes; your innocence is treasure, your innocence is death your innocence is all I have”).

Dez anos passados desde a saída deste trabalho, ainda é um disco que ouço com regularidade e que não perdeu o impacto inicial. A vertente maníaco-depressiva da obra não é, provavelmente, para todos, pois oscila entre temas muito melódicos e belos (Galapogos, Cupid de Locke ou By Starlight) e a violência sonora ao nível do melhor grunge alguma vez feito (Fuck you (an ode to no one), Tales of a scorched earth ou X.Y.Z.)

Depois do auge, a carreira dos Smashing Pumpkins seria sempre a descer...

A carreira dos Smashing Pumpkins avaliada pelo Piano:

Gish (1991) 6/10
Siamese Dream (1993) 8/10
Pisces Iscariot (1994) 6/10
Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995) 10/10
Adore (1998) 7/10
MACHINA/the machines of God (2000) 2/10

Lixo Musical 0
Medíocre 1-2
Suficiente 3-5
Bom 6-7
Muito Bom 8-9
Obra-Prima 10

1 comentário:

Uxka disse...

É o único disco deles cá em casa e aqueceu muita noite de inverno
quando todos estavam deitados e a manta e a sala às escuras eram só para mim. Não o ouço há muito.