Raramente escrevo sobre futebol, mas sempre que o faço é para dizer mal. Não peço desculpa. O estado do futebol português é deprimente e julgo que não há NADA que justifique elogios, apesar de algumas conquistas em anos bem recentes só para enganar o povinho.
Construímos estádios para estarem, na sua maioria, vazios. Já viram um jogo do Leiria? O estádio tem 30.000 lugares, mas quando chega aos mil espectadores é um fartote! E o Louletano? Sim, caso não se lembrem, o Farense faliu e acabou com a equipa de futebol, pelo que o Louletano (II Divisão) é o único a utilizar o estádio Faro-Loulé, com uma estonteante média de 500 espectadores por jogo. E já agora, por falar em falências, o Alverca, o Académico de Viseu, o Felgueiras, o Campomaiorense e o Farense já não se encontram entre nós. Fala-se insistentemente de outras crises, sendo a do Vitória de Setúbal apenas a mais visível. Para além do Vitória, há ainda o Estoril, Chaves, Maia, Ovarense, entre muitos outros, sendo neste momento impossível dizer quantos haverá nesta situação. Se o problema fosse apenas financeiro, não estaríamos muito mal. Afinal, algumas indústrias portuguesas como o têxtil ou o calçado também atravessam momentos difíceis, porque razão seria o futebol diferente destas? A razão é simples. O que é verdadeiramente dramático é que o negócio está a ser aniquilado pelos próprios interessados e não pela concorrência externa ou pela globalização. Se há um negócio em Portugal em mau estado que não se pode queixar da globalização é o futebol.
Já todos ouvimos os repetidos boatos e insinuações de corrupção na arbitragem e manipulação de resultados. O "café com leite", a "fruta", os dirigentes proprietários de casas de diversão nocturna envolvendo negócios mais ou menos obscuros, as ligações duvidosas entre os empresários de jogadores e os dirigentes dos clubes, entre muitas outras insinuações. Tudo isto já tinha sido dito a propósito do meu clube do coração, o Futebol Clube do Porto.
Até ao mandato de João Vale e Azevedo, o dito "glorioso" tinha passado mais ou menos incólume a esta onda de críticas e de suspeições. Os dirigentes do Benfica tinham sabido manter a dignidade, até nos momentos mais críticos. Tudo isso foi atirado pela janela fora. Agora sabemos que o Benfica tem uma equipa de seguranças privados que é especialista em esbofetear todos os que se atrevam a dizer que um jogador poderá arrepender-se amargamente se assinar pelo clube. É o Guarda Abel revisitado! Tudo muito feio. Tudo muito sujo.
O Benfica recomeçou a ganhar o ano passado, mas as tácticas utilizadas são em tudo idênticas às que acusava o F.C. Porto de usar durante os anos 90: pressões sobre os árbitros, linguagem carroceira, brutamontes para intimidar. Uma verdadeira panóplia de tácticas terroristas. Familiares sim, mas completamente ultrapassadas. Coisas do século XX. Foi-se a superioridade moral do Sport Lisboa e Benfica. E com ela a última réstia de esperança do futebol português. A indústria do futebol foi atirada às urtigas. O negócio está morto.
RIP
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