Para ouvir música em 1963, este era o formato de eleição. Entre a música popular, os LPs não tinham ainda a reputação que vieram a ganhar mais tarde, pelo que os 45 rotações, vulgo singles, eram o formato do dia. Este, em particular, foi um bocadinho mais importante do que os outros. Este é Ring of Fire de Johnny Cash, o poeta maldito da música country americana, que ficou conhecido como Homem de Negro. Apesar de todos os demónios que o atormentaram, ou, se calhar, graças a eles, Johnny Cash foi capaz de compor temas sobre Amor, Deus e Morte como nenhum outro músico seu contemporâneo.
À primeira vista, e pelo título, Ring of Fire não parece uma canção de amor, mas antes uma dissertação sobre motoqueiros a investir contra aneis de fogo. Nada de mais errado. A letra é inequívoca: Love is a burning thing / And it makes a firery ring / Bound by wild desire / I fell in to a ring of fire... Cercado pelo desejo, não resta outra solução que não seja mergulhar num anel de fogo, uma imagem que transmite a sensação de alguém que se apaixona perdidamente. E continua: The taste of love is sweet / When hearts like our's meet / I fell for you like a child / Oh, but the fire went wild... O sabor do amor é doce quando os nossos corações se tocam, apaixonei-me irremediavelmente e o fogo consome(-me) sem limite.
As letras simples, mas poderosas, cantadas com a voz impressionante de Cash e acompanhadas pelas sonoridades do Sudoeste americano que tanto adoro, são um cocktail musical perfeito. A influência da canção é comprovada por mais de 70 versões registadas na Wikipedia, incluindo nomes tão distintos como Bob Dylan, Frank Zappa, Ray Charles, Blondie, Social Distortion, entre muitos outros.
Projecto 200 anos de música. A ideia é simples. Ao longo de duzentas entradas, o Piano na Floresta vai listar duzentas obras musicais, uma por cada ano, iniciando a contagem decrescente a partir do ano 2000. Se tudo correr conforme planeado, será possível identificar um disco ou uma obra composta em cada um dos anos no intervalo entre o ano 1800 e o ano 2000. Não há limitações de género musical. A qualidade e a reputação da obra não constituem critério de escolha, embora se entenda que ela é, de algum modo, representativa do ano em questão.
1 comentário:
esta música é inesquecível!
desde os trompetes, a letra, fica tudo enquadrado. Sem dúvida a melhor música de 1963 :D
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