quarta-feira, setembro 28, 2005

Crónicas de Berlim III

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Fora a questão da língua, há o eterno problema da história. Os alemães não assumem plenamente a sua história, tal como é afirmado por Werner Sikorski e Rainer Laabs no livro “Checkpoint Charlie and the Wall: A Divided People Rebel” que adquiri durante a estadia. Os autores criticam a inadequada identificação dos limites do Muro de Berlim. Quinze anos após a queda do Muro, só existe um pequeno Memorial às vítimas na Bernauer Strasse e as antigas fronteiras que separavam Berlim Leste de Berlim Oeste quase desapareceram por completo, de modo que a única maneira de saber exactamente por onde passava o Muro é comprar mapas ou livros em lojas de souvenirs.

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Quanto aos factos que se referem à II Guerra Mundial, a noção de história é ainda mais traumática. A certa altura, no Museu do Cinema Alemão pode ler-se: “(…) quando os Nazis invadiram a Polónia”. Parece-me que foi a Alemanha que invadiu a Polónia, e não apenas os Nazis. Tendência para o esquecimento ou lapsus linguae? Seria o mesmo que afirmar, no caso Português, “quando os monárquicos conquistaram África”, o que não faz qualquer sentido…

2 comentários:

Anónimo disse...

Li este e os anteriores posts com uma certa curiosidade. Conheci os alemães de muito perto, o suficiente para poder afirmar que são um povo muito frio ao primeiro contacto e que , na generalidade, conhecem bem o seu passado e em grande medida assumem a sua culpa. É bom também dizer que houve dois programas de reeducação: o americano e o soviético, que tiveram o seu reflexo e condicionaram significativamente a visão das coisas. A frieza com que vivem terá, certamente, um efeito de estranhamento sobre o turista menos prevenido, mas após o "first contact" tudo muda.

M Isabel G disse...

E também não existem referências ao regime totalitário em que viveu Berlim Leste.
É uma cidade absolutamente fantástica.
(Estive por aí na 1ª semana de Setembro)
http://misspearls.blogspot.com/