
Um disco memorável! Uma obra-prima inigualável!
Mellon Collie and the Infinite Sadness é um título perfeito para descrever 28 temas e duas horas de música sempre surpreendente e poesia inspiradíssima. Este duplo álbum encontra-se dividido em duas partes:
Dawn to Dusk e
Twilight to Starlight. A produção de Flood, Alan Moulder e Billy Corgan é quase perfeita. A arte gráfica é lindíssima e inspira-se em George Meliés. Os animais e seres inanimados representados ganham personalidade e comportamentos humanos e fazem-nos sorrir.

Os Smashing Pumpkins passam por 30 anos de influências e sonoridades distintas. O grunge de Chicago está aqui mais diluído do que no disco anterior, Siamese Dream, e misturado com canções de amor de influência
beatliana e épicos
à la Pink Floyd, mas tudo temperado com uma apreciável dose de irreverência e inconformismo.

O duplo álbum inicia-se com
Mellon Collie and the Infinite Sadness um instrumental de piano a solo que bem podia ser a banda sonora deste blog. É Billy Corgan que faz tudo: vocalista, compositor, produtor, multi-instrumentista e génio musical que liderou os Pumpkins durante os seus pouco mais de 10 anos de existência. Os grandes êxitos comerciais deste disco aparecem no primeiro cd:
Tonight, Tonight,
Zero e
Bullet With Buttefly Wings. Dois épicos inesquecíveis (
Porcelina of the Vast Oceans e
Thru the Eyes of Ruby) rompem com a rigidez da canção pop-rock de 3 ou 4 minutos e apresentam-se como poemas sinfónicos do rock. Duas melodias românticas,
Beautiful e
By Starlight, povoavam os meus amores dos vinte e poucos anos.

As letras caracterizam-se por tópicos tão diversificados como a fúria alienada (“Despite all my rage I am still just a rat in a cage”), o nihilismo (“Emptiness is loneliness, loneliness is cleanliness, cleanliness is godliness and god is empty just like me”), o voyeurismo (“I know I’m silly cause I’m hanging in this tree in the hopes that she will catch a glimpse of me”) ou a manipulação emocional (“wrap me up in always, and drag me in with maybes; your innocence is treasure, your innocence is death your innocence is all I have”).
Dez anos passados desde a saída deste trabalho, ainda é um disco que ouço com regularidade e que não perdeu o impacto inicial. A vertente maníaco-depressiva da obra não é, provavelmente, para todos, pois oscila entre temas muito melódicos e belos (
Galapogos,
Cupid de Locke ou
By Starlight) e a violência sonora ao nível do melhor grunge alguma vez feito (
Fuck you (an ode to no one),
Tales of a scorched earth ou
X.Y.Z.)
Depois do auge, a carreira dos Smashing Pumpkins seria sempre a descer...
A carreira dos Smashing Pumpkins avaliada pelo Piano:
Gish (1991) 6/10
Siamese Dream (1993) 8/10
Pisces Iscariot (1994) 6/10
Mellon Collie and the Infinite Sadness (1995) 10/10
Adore (1998) 7/10
MACHINA/the machines of God (2000) 2/10
Lixo Musical 0
Medíocre 1-2
Suficiente 3-5
Bom 6-7
Muito Bom 8-9
Obra-Prima 10